Diante de mais um bárbaro massacre nos EUA, não resta muita
coisa a dizer. O simples fato de, num levantamento superficial, nos últimos 30
anos ocorrerem mais de 60 desses atentados na nação que mais compra armas, diz
o suficiente. São mais de dois atentados por ano. Desta vez, morreram crianças
entre 5 e 7 anos de idade, numa escola, onde algumas heroicas professoras
também perderam a vida ao tentar preservar os pequenos.
O governo sabe que a razão é a circulação absurda de armas
entre os civis norte-americanos. Mas o discurso de Obama, de que algo precisa
ser feito para conter a facilidade de acesso a armas, esbarra no mais poderoso
lobby em defesa do porte civil de armas do planeta, a National Rifle Association, que reúne essa gente e se opõe com todos
os meios a qualquer tipo de controle.
O medo desse controle tem provocado uma verdadeira “corrida
armamentista” da população civil nos EUA. Segundo o FBI, nas duas eleições em
que Obama venceu, os americanos compraram armas como nunca. Temem maior
controle e o aumento de impostos sobre as armas.
Durante o último “Black Friday” (a sexta-feira negra, com
hiper-descontos no comércio local), por exemplo, os comerciantes de armas ligaram
para o FBI para fazer 154.873 pedidos de verificação de cadastro de
consumidores que queriam armas de fogo. Isto é 20% acima do recorde
estabelecido no ano passado, com 129.166 chamadas num único dia. 62% dos
pedidos nesta "Black Friday" correspondem a armas longas como as
espingardas ou carabinas, do tipo da Bushmaster
ponto 223, usada pelo causador da tragédia em Newtown, Connecticut (um
estado onde não é necessária licença para a posse de espingardas). No último
trimestre, os fabricantes de armas comemoraram um aumento de quase 50% de
vendas sobre o ano anterior.
Os entusiastas das armas gostam de dizer que possuir uma
arma de fogo é uma forma dos civis poderem intervir e prevenir atentados como
este último. Mas, analisando os dados sobre assassinatos em massa nos últimos
30 anos, não se consegue encontrar um único caso de um civil armado que tenha feito
qualquer coisa contra um assassino em massa sequer. Na verdade, quando civis
tentaram intervir, foram quase sempre feridos ou mortos.
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