segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Love Me Do e uma nova visão sobre Yoko




Faz 50 anos que os Beatles gravaram este single, o primeiro de sua fulgurante carreira. Uma gracinha. John concentradíssimo na gaita de boca. Paul e George absolutamente comedidos e assustados diante do microfone e Ringo batendo uma bateria muito cuidadosa, todos com jeitinho de bons moços. É um tempo que não volta, eu sei. Mas é bom recordar, porque isto faz parte da história da minha vida, da minha geração. Tudo bem que, quando Love Me Do foi gravada, eu tinha 9 anos. Mas essa turma foi o âmago da minha adolescência e juventude!

Um coro de 1.631 vozes bateu um recorde do Guinness, meio século depois do dia em que este single foi lançado, 5 de outubro, ao entoar em Liverpool a música Love Me Do, em homenagem aos 50 anos do lançamento do primeiro single dos Beatles. A façanha foi em Liverpool, onde a prefeitura fez uma série de homenagens aos Beatles.

A propósito, o hoje setentão Paul Mc’Cartney disse em entrevista que não se deve culpar a Yoko pela separação do grupo. "John teria deixado o grupo de qualquer maneira", disse McCartney. Segundo Paul, Yoko trouxe um tipo de militância ativista ao coração de Lennon, que ele desconhecia, e sem a qual ele não teria escrito sua famosa canção Imagine. A artista plástica é que teria despertado o vanguardismo e a atitude de protesto em John.

De fato, se olhamos a trajetória do mais contestador dos Beatles, há uma clara divisória entre o John no tempo dos Beatles e o John sob a influência de Yoko. O John sob a influência de Yoko merecia o Nobel da Paz. E ele provavelmente o teria conquistado, se não houvesse um Chapman no seu caminho...

Particularmente, eu prefiro o John que conheceu Yoko. Há uma magnífica conversão no modo de ser de um homem que vai amadurecendo e que está profundamente cansado e irritado com o sucesso que lhe rouba a privacidade. Enquanto os Beatles transformaram o estúdio da Abbey Road  numa espécie de retiro por vários anos, longe do agito dos fãs enlouquecidos, amadurecia um projeto de pacifista no coração de Lennon. E não há como negar que ele foi um dedicado discípulo de Yoko, a artista plástica que arrebatou o seu coração e transformou a sua ideologia profundamente.

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