Foto de Jacob O. Bittencourt
8.686 CRIANÇAS e
adolescentes foram assassinados no Brasil em 2010. É algo como se, em um ano,
tivessem caído 43 aviões lotados de nossos filhos e filhas. Em vez de tratar
essa tragérdia como uma calamidade social, lidamos com ela com uma indiferença
constrangedora.
O
MAPA DA VIOLÊNCIA 2012 dá
conta de que, de 1981 a 2010, o país perdeu assassinadas 176.044 pessoas
com menos de19 anos, 90% delas de
meninos; um cenário de dor e horror que não tem obtido a atenção que merece da
sociedade brasileira.
MAIS SEGURANÇA e
redução da maioridade penal é tudo o que lembramos de pedir. Com isso, nos
últimos 30 anos houve um dramático aumento da violência policial, que atira
primeiro e pergunta depois.
O
GOVERNO trata o assunto
com extremo descaso. No final do ano passado o Plano Nacional de Redução de
Homicídios foi engavetado pelo Ministério da Justiça, para concentrar esforços
na ampliação do sistema penitenciário, no combate ao crack e no monitoramento das
fronteiras.
A CHANCE de um jovem
morrer assassinado no Brasil aumentou 346,4% em 30 anos, passando para 13,8 por
100 mil em 2010. Considera-se que há uma epidemia de homicídios quando a taxa
fica acima de 10 por 100 mil.
PARA
A SOCIEDADE, esses jovens
não são pessoas, mas delinquentes, traficantes, marginais ou meras “vítimas” da
violência. “Mas o país perde o melhor da sua juventude. Esses meninos não
estavam destinados à morte violenta, mas a serem médicos, artistas,
engenheiros, professores, filhos e pais, avôs e presidentes da república”, diz
Atila Roque, da Anistia Internacional Brasil.
DIALOGAR sobre essa
tragédia e a nossa indiferença seria um bom começo. Em vez de festejar o “dia
da criança”, devíamos levantar o tema nas comunidades, para quebrar a apatia, o
silêncio e a cumplicidade passiva com esse extermínio.
Não temos o direito de desistir desses meninos e meninas; não
tão cedo, entregando-os à própria sorte.
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