Esta imagem você certamente já viu. Ela é uma das mais
famosas capas de disco da história da música moderna, e completou 40 anos.
Dentro dela, um disco de vinil de 43 minutos, produzido na Abbey Road Studios a
partir de julho de 1972 e lançado no mercado fonográfico acompanhado de um caro
e espetacular aporte publicitário, em março de 1973. “The Dark Side of the Moon”
tornou-se o terceiro álbum mais vendido de todos os tempos, depois de “Thriller”
de Michael Jackson e “Back in Black” de AC/DC. Com 50 milhões de cópias
comercializadas até hoje, o álbum integralmente produzido em estúdio tornou os
integrantes do Pink Floyd multimilionários.
Mas não é só isso que torna esta uma das mais espetaculares
obras musicais da modernidade. Um experimentalismo inédito até então continua
mantendo suas músicas atuais, quatro décadas depois de caprichosamente
produzido. Talvez isso explique seu sucesso, por si só. Afinal, num tempo em
que a facilidade das mixagens por computador nem sequer era um sonho, os
integrantes da banda e o engenheiro de som passaram meses no estúdio entre
gravações de sons de relógios, aviões e batidas do coração, cortando pedaços de
fita magnética para inserir nos trechos dos instrumentos gravados, numa inédita
mistura de experiências sonoras absolutamente incríveis. “The Dark Side of the
Moon” é uma experiência sonora única e magnífica.
Mas todo este capricho ainda não explica tudo. Pink Floyd já
era uma das bandas mais famosas do planeta quando construiu esta obra. Mas a
sua música havia se tornado a trilha sonora preferida para picos e carreiros de
pó branco mundo afora. E a banda não queria isso. Numa conversa decisiva, na
cozinha da casa do baterista da banda, Nick Mason, na região nordeste de Londres, em dezembro
de 1971, decidiu dar uma virada. Não queriam mais ser a banda preferida do
mundo psicodélico. Queriam colocar os dois pés na realidade. E Roger Waters empolgou-se,
produzindo uma das análises mais fascinantes da condição humana na
pós-modernidade em forma de música. Os seus temas: guerra, dinheiro e loucura.
O álbum devia ser “a expressão de uma compaixão política, filosófica e humana”,
descreveu Waters em 2003, em “The Making of the Dark Side of the Moon”.
E conseguiu. O álbum tornou-se uma obra atemporal, como as
grandes obras clássicas da música mundial. Ele se ocupa dos grandes tabus da
existência humana. Ou seja, tem os pés no chão. Justamente porque os problemas
abordados nos textos de “Time”, “Us and Them” ou “Brain Damage” continuam tão
longe de uma solução quanto em 1973. Por isso, coloco acima esta segunda capa de disco. Ela inspirou a capa de Pink Floyd e foi criada por Alex Steinweiss em
1942 para o álbum com o “Concerto para Piano Número 5”, de Beethoven.
Vale a pena curtir, na mais profunda meditação só possível
entre as duas pontas de um fone de ouvidos, cada um dos preciosos canais da
extraordinária experiência sonora que é este álbum. É uma espiada cristalina
sobre o lado escuro da existência humana. Enjoy!
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