Morto no primeiro dia de março do ano passado, já faz um ano
que Milton Schwantes nos deixou. A Páscoa me faz lembrar o Milton. Esta última
semana de março lembra Jesus, rumo à cruz. A semana iniciada ontem, com a
lembrança de Jesus entrando qual rei em Jerusalém, termina numa sequência de
trágicos acontecimentos kafkianos, num insofismável madeiro. Ali, naquele
caibro, qualquer um se daria por vencido e se entregaria na frase: “Deus meu,
por que me abandonaste? Por que me largaste aqui, sem perspectiva?”.
A nova semana depois desta, entretanto, confirma porque
Jesus, mesmo em meio ao total abandono e à solidão roçando a pele, não perde a
esperança. É Milton quem nos aponta o motivo. Ele descreve a experiência que
nasce da mensagem da Páscoa (a partir de Lucas 24): como o mistério da
esperança que não nos abandona. Por causa da ressurreição, nós cremos no novo. “Igreja
não é necrotério, mas berçário”, proclama Milton. “A ressurreição é como uma
cirurgia que devolve a visão”, completa.
É nessa perspectiva que eu vivo esta semana de dores agudas,
mas prenhe de esperança. Veja a reflexão bonita de Milton:
“Este é o mistério da
Páscoa: vale a pena ir em frente. Estamos aí para crer na esperança. Há futuro.
Nas Igrejas, somos células de esperança no novo, pela ressurreição de Jesus.
Ele, que saiu vencendo a morte e os matadores, é a nossa esperança de raiz. Igreja
não é necrotério! É berçário! Celebra o nascimento da esperança. A morte já se
foi. O seu poder minguou, se acabou. Estamos eleitos para caminhar rumo aos
horizontes. Jesus nos doou olhos para ver longe. A ressurreição é como se fosse
uma operação na vista. Olhos, já sem esperança nenhuma, passam – mortos,
doentes, desanimados – a ver. Encantam-se com o colorido das coisas. Voltam a
crer em si, a crer nas pessoas próximas, a crer no horizonte.”
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