segunda-feira, 8 de abril de 2013

Igreja perde um dos pais do ecumenismo mundial



 O Dr. Emilio Castro em 2006, em visita ao CMI.

A igreja metodista do Uruguai levou ao derradeiro repouso, neste domingo 7 de abril, uma de suas figuras mais destacadas. O pastor Emílio Castro morreu no sábado 6 de abril aos 86 anos de idade, em consequência de uma queda que o levou ao hospital, da qual não mais se recuperou. Além de um homem de Deus irretocável e grande pregador, Castro transformou o Conselho Mundial de Igrejas num instrumento profético por meio do qual a Igreja mundial levantou sua voz corajosamente contra a injustiça e a favor dos direitos humanos.

Emílio Castro Foi o quarto secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), de 1985 a 1992. O teólogo uruguaio, um dos mais destacados da América Latina, marcou sua passagem pelo CMI como defensor das causas sociais, tornando esta entidade a própria voz da igreja mundial, como uma entidade que falava no mesmo nível da ONU. Ele estava à frente da delegação do CMI que foi à África do Sul em ebulição pelas lutas contra o regime do Apartheid, dando apoio oficial do movimento ecumênico mundial a Nelson Mandela.

Castro à frente da primeira delegação do CMI a visitar a África do Sul em 30 anos, num encontro histórico com Nelson Mandela, em 14 de outubro de 1991 em Johanesburgo. 


Castro destacou-se por seu engajamento ecumênico e reflexão teológica que relacionava o cristianismo com a defesa da justiça e o combate da pobreza. “A luta para superar opressões tem manifestações econômicas, sociais e políticas que devem ser consideradas por seus próprios méritos. Mas na raiz existe uma realidade espiritual: os principados, poderes do mal que precisam ser combatidos com poderes espirituais e as realidades espirituais: o poder do amor, o poder da esperança, a força do Evangelho”, disse ele.

O pastor Emilio Castro foi diretor da Comissão Mundial de Missão e Evangelização do CMI de 1973 a 1983 e exerceu o cargo de secretário-geral do organismo ecumênico de 1984 a 1992. “O ecumenismo é a confiança de que todos fazemos parte de uma única Igreja, mas não é, de jeito nenhum, dizer que tudo está bem e que é tudo a mesma coisa. Não. É uma busca juntos da verdade. É um espírito”, ele defendia.

Para Castro, o ecumenismo não se constrói com livros e teorias, mas na prática. Em sua visão, o verdadeiro espírito ecumênico nasce da amizade, da aproximação entre as pessoas. É no contato pessoal que ele se edifica.

Como pastor metodista em Montevideo também não se calou quando o assunto era defender a democracia no continente. Foi declarado Cidadão Ilustre da Cidade de Montevidéu por “advogar pela esperança da recuperação democrática no Uruguai e na América Latina em tempos de ditadura na região”.

Ex secretário-geral do CMI Emilio Castro, em encontro com o atual secretário-geral Olav Fykse Tveit, na sede da entidade em Genebra, no ano de 2009.

Numa entrevista, humilde, definiu sua trajetória como “a vida de um pecador normal que vive ou que trata de viver da graça de Deus e da amizade dos irmãos”.  Mas o passamento do pastor e irmão Emílio Castro encerra um dos períodos mais fecundos do ecumenismo mundial. Ele foi um dos gigantes da Teologia na América do Sul, um homem cuja biografia irretocável deve servir de exemplo para qualquer ser humano que veste talar ou ousa subir num púlpito para pregar a palavra de Deus.

A sua vida devia servir de base para um semestre de estudos sobre as reais lutas da Igreja de Jesus Cristo neste mundo a partir de uma visão generosamente ecumênica. Emílio Castro sem dúvida contribuiu como poucos para que se cumpra a oração do Senhor Jesus Cristo ao Pai no sentido de que todos sejam Um.

2 comentários:

  1. De fato, Clovis, Emílio Castro deu uma contribuição única à igreja de Jesus, ao ecumenismo e à luta dos mais pobres num tempo em que estes temas eram tabu na igreja evangélica e protestante. Um de seus livros editados no Brasil pelo antigo CEDI, Servos livres, eu o menciono sempre que possível em minhas aulas de missiologia. Corretamente ele vincula missão à ação de Deus e ao seu reino, sendo a igreja aquela que é chamada para, em liberdade e amor, seguir a seu mestre na missão. Um seminário de estudos sobre a teologia da missão e ecumenismo, de Emílio Castro, viria em boa hora. Quem sabe a EST pode pensar nisto para 2014?

    Abraços,

    Roberto Zwetsch

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  2. Está no inferno por não ter aceito a única igreja de Cristo achando que cada ser humano se salva por si mesmo e ainda por cima por ter sido comunista fã do guerrilheiro Nelson Mandela.

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