Enviei o texto abaixo ao Jornal de Santa Catarina e foi publicado na edição de hoje, dia 11 de abril, na página de opinião (link para o artigo aqui). Segue o texto na íntegra:
A fanfarronice ostensivamente absurda do “deputado” e “pastor”
Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da
Câmara já se transformou em vergonha internacional. Além de tornar o Brasil uma
piada mundo afora, ele transforma um espaço destinado à defesa de pessoas
historicamente excluídas em púlpito para a sua teologia fundamentalista e
ultrapassada, que usa a Bíblia para discriminar e transforma Deus em vingador
de hereges. O Deus da cristandade é sinônimo de amor.
A propósito da declaração de Lennon – uma das frases mais
mal interpretadas da história contemporânea –, o Cristianismo é opção religiosa
de apenas um sexto da humanidade e, portanto, não há nenhuma blasfêmia em dizer
que os Beatles são mais conhecidos que Jesus Cristo.
Mais esta estultice de Feliciano mostra que já basta. Ele
não me representa e não representa 70% dos cristãos brasileiros de todas as
confissões. Suas declarações atentam contra décadas de pensamento teológico marcado
por inclusão, respeito, ecumenismo e amor ao próximo. As manifestações de
repúdio a Feliciano vão da Convenção Batista ao Conselho Nacional de Igrejas
Cristãs, passando pela Anistia Internacional. Repudiamos o seu exibicionismo racista
e homofóbico.
O espetáculo pirotécnico em torno de Feliciano somente serve
para promover um partido que tem o fundamentalismo religioso no seu programa
político. É só mais uma demonstração de que, neste país tão apegado às coisas
rasas, os conchavos se sobrepõem ao bom senso até na administração pública.
Temo que, no futuro, gente como ele transforme o Brasil num
estado fundamentalista cristão. O Brasil é uma democracia, não uma teocracia, e
é altamente recomendável que cuidemos para que a nossa Constituição siga garantindo
um estado laico.
Clovis Horst Lindner, Pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
Clovis Horst Lindner, Pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
Um dia o estado laico queimara nossas biblias.
ResponderExcluirE enquanto isso não acontece, muitos leitores da bíblia se empenham em queimar o Alcorão, condenar a fé dos outros e perseguir quem não consideram "normais" ou aceitáveis segundo seu conceito do que é normal. Um dia, esse sociedade que emprega o fundamentalismo, vai queimar também os cristãos, os muçulmanos, os aleijados, porque esse tipo de pensamento foi capaz de construir os campos de concentração, e também fez as cruzadas...
ExcluirQuero ver dia que dois homens pedirem para se casarem na igreja, o que você como pastor irá fazer? Usará qual versículo da biblia, Santa hipocresia.
ResponderExcluirCaro Anônimo, antes de julgar a bíblia, leia! Como você pode julgar algo que não conhece? Quais seus fundamentos sobre algo que você não leu?
ExcluirAproveitando para sanar sua dúvida, leia o livro de Levíticos, mais especificamente o capítulo 20.
Abraço, que a paz do Senhor seja contigo.
Pastor, o sr casaria um "casal" homossexual? Pregar contra isso é errado? A bíblia está errada? Deus ama o pecador e não a prática do pecado, devemos nos calar quanto a isso?
ResponderExcluirEstimada Iara, nem é isso que está em jogo nesse momento. Além do mais, a IECLB não faz casamentos de homossexuais. O que importa dizer é que a questão dos direitos humanos é muuuito mais ampla do que os direitos dos gays. E Feliciano se pronuncia de forma racista, discriminatória e excludente. E os direitos humanos foram promulgados pela ONU justamente para proteger os direitos de pessoas excluídas por causa da sua cor, da sua origem, do seu gênero, da sua diferença. Precisamos abrir um pouco mais a nossa visão sobre o que é "normal" e aceitar o diferente. Deus se manifesta de muitas maneiras na sua criação e muitas vezes não queremos aceitar esta ou aquela manifestação... E isso é contra o amor de Deus que nos manda amar os "pequeninos irmãos (Mt. 25.31ss).
ExcluirOlá, Pastor! Tive acesso a este blog e seu texto via postagem de outro pastor meu amigo no facebook. Exatamente esta a minha posição sobre este (In)Feli(z)ciano, que não representa ABSOLUTAMENTE NADA do que alimenta a minha fé no Deus que é AMOR INCONDICIONAL, que se ofereceu em sacrifício por TODOS. Fé igualmente ofertada a todos que o recebam, como dom, presente de Deus. Este Deus que é AMOR e não incita ao ódio. A postura dese (In)Feli(z)ciano ofende a minha fé!!! Vou divulgar seu texto por que este sim, me representa! E com a grata satisfação de compartilhar com o senhor, além da fé e da posição nesta questão específica, o sobrenome! O da minha família, do meu pai, vem de Santa Maria - RS. Enorme abraço, na paz do nosso Pai de infinito amor!!
ResponderExcluirObrigado, Ana Mari. Que a paz de Deus esteja contigo também!
ExcluirOlá, Clovis! Li seu artigo no Santa e não pude deixar de comentá-lo aqui no blog. O texto é excelente, do título ao último ponto. Feliciano não nos representa e não representa qualquer outra pessoa que conheça de verdade a mensagem de Cristo. Até porque se ele próprio a conhecesse mesmo, jamais falaria as besteiras que falou. Acompanhando o caso dele e dos "bibliólatras" que o seguem, me pergunto: quando as pessoas irão entender que Deus é muito mais do que um livro com duas mil páginas? Excelente crítica, brilhante pensamento. Abraços!
ResponderExcluirObrigado, Wander!
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