“Ele é como um filho rebelde”, resumiu o bispo da Diocese de
Bauru, da Igreja Católica Apostólica Romana, ao referir-se ao padre Roberto
Francisco Daniel, o “padre Beto”. Depois de um longo e doloroso processo que
tentava fazer padre Beto retratar-se de suas polêmicas posições sobre
sexualidade, hierarquia da igreja e mudanças que considera necessárias para que
a igreja chegue bem à atualidade, ele foi excomungado na última segunda-feira por
Dom Caetano Ferrari, bispo de Bauru. Segundo o Direito Canônico, ele não é mais
padre, nem pode mais participar da eucaristia enquanto não pedir perdão à
igreja.
Antes de receber o veredito de excomunhão, padre Beto já
havia entregado seu pedido de afastamento do sacerdócio ao bispo. “Não posso ser
padre de uma igreja que nega o direito de reflexão e o direito de livre
expressão”, disse. Agora vai enfrentar
um processo canônico, o que de modo algum o intimida ou incomoda.
A história do padre Beto insiste em trazer à minha lembrança
outra história bem parecida, que aconteceu com o frei capuchinho Martim
Lutero. Obviamente, há várias diferenças entre as duas histórias.
A primeira delas é a inacreditável distância de cinco
séculos entre cada uma delas.
A segunda é que, mesmo há 500 anos, frei Martim foi julgado
por um tribunal que era presidido pelo próprio imperador Carlos V. Já padre
Beto foi levado a uma sala separada das dependências da diocese de Bauru para
ser julgado pelo bispo e dois presbíteros, sem antes ter sido informado de que
estava “num tribunal”.
A terceira é que frei Martim foi excomungado por uma bula
papal. Padre Beto foi excomungado por uma “Nota da Diocese ao Povo de Deus de
Bauru”.
O que impressiona, entretanto, é a grande semelhança que há
entre frei Martim e padre Beto. “Não posso nem quero retratar-me de coisa
alguma, pois ir contra a consciência não é justo nem seguro. Deus me ajude.
Amém”, disse Lutero em Worms, diante do imperador. “Eu não tenho do que me redimir. Muito menos a
quem ou do que pedir perdão de tudo aquilo que eu fiz e declarei nas redes sociais.
Se refletir é um pecado, eu sou um pecador e sempre serei. Não vou negar ser
uma pessoa reflexiva e uma pessoa que pensa”, declarou padre Beto. “Acho
impossível seguir o evangelho de Jesus Cristo em uma instituição que, no
momento, não respeita a liberdade de reflexão e de expressão. O modelo que nós
temos que seguir se chama Jesus Cristo e esse modelo viveu plenamente essa
liberdade e fez com que as pessoas refletissem”, emendou o padre.
Acho que frei Martim assinaria embaixo da declaração do
padre Beto.
Leia a íntegra da história de padre Beto aqui.
Acho que não assinaria,não! Que comparação terrível! aff. Devemos amar o pecador e não o pecado, pois a própria Palavra de Deus coloca limites para o nosso pensar. A fé, o temor a Deus deve presidir a dúvida, o pensar. Adão pecou porque colocou em dúvida a ordem de Deus. Então, acho não preciso falar mais nada. Melhor tenho sim, para Lutero a Palavra de Deus interpreta a si mesma. Então, temos que tomar base nela para argumentarmos e não partindo de nossa condição que é pecaminosa, enganosa (Jr 17.10).
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