quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A vida no escuro


Todo mundo assustado com o apagão? Isso vai acontecer mais vezes? De quem é a culpa? Alguma coisa será feita para evitar que isso se repita? Essas são algumas das perguntas. Há muitas respostas. Umas querem apagar o fogo e outras jogam gasolina na fogueira. Mas o buraco, minha gente, é mais embaixo.

Em primeiro lugar, o Brasil não tem problema de geração de energia. O Brasil tem problema de transmissão da energia gerada. Por isso, esta reação em cadeia. Cai um poste na linha Paraná-São Paulo e começa uma sequência de dominó que ninguém sabe em que ponto do país vai parar. Todo o sistema está interligado e num emaranhado tão grande qual um novelo de lã que passou pela fanfarrice de um gatinho. Ninguém sabe de onde vem a energia consumida aqui, em São Paulo ou em Brasília. As usinas são todas ligadas num imenso emaranhado de fios e, quando cai uma delas fora, é o caos. Ainda mais se for Itaipu.

Em segundo lugar, isso é só o começo. Já faz um tempão que ninguém leva a sério os avisos que vêm sendo dados. Pelo visto, o jogo de empurra-empurra continua. O problema é que a questão energética no Brasil vem sendo empurrada com a barriga há décadas. O Luz para Todos só pendurou mais gente no novelo emaranhado. E com o Brasil crescendo ao ritmo da China nos últimos meses, vai acontecer de novo, e de novo, e de novo... A demanda é maior que a capacidade de distribuição. E, cá entre nós, arrumar este emaranhado não vai ser coisa de poucas horas.

Em terceiro lugar, não adianta falar, não é? Reuniões e mais reuniões, encontros, cúpulas, tudo para tratar da séria questão energética do planeta. A Terra não suporta 7 bilhões de seres humanos consumindo desenfreadamente todo tipo de energia. E tem gente achando que é séria ao escrever em seu blog que dormiu mal porque não conseguiu ligar o ar-condicionado. Ora, tenha santa paciência. Falta um pingo de desconfiômetro nisso.

Por fim, blecautes não são uma exclusividade nossa. Desde 2006, grandes partes da Suécia e da França ficaram completamente sem energia por dias a fio. Mas, como era no primeiro mundo, nem chegou aqui. A escuridão brasileira da última noite (!) está em todos os jornais do mundo hoje. Interessa a quem quer vender energia, usinas ou catastrofismo... para tirar uma lasquinha. Então toca o filme, nem que seja no escuro!

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