O caso Pussy Riot é
um dos processos mais polêmicos dos últimos anos. Três mulheres podem ser
condenadas a sete anos de prisão por um ato crítico contra o presidente Putin
numa das catedrais de Moscou.
A Catedral de
Cristo Salvador, em Moscou, é um magnífico edifício com cúpulas douradas
situada às margens do rio Moscou e próxima ao Kremlin. Há cerca de cinco meses,
ela se tornou o centro de um escândalo que envolve Igreja, política e liberdade
artística na Rússia. O processo, cujo julgamento começa nesta segunda-feira
(30/07) em Moscou, é considerado um dos mais polêmicos dos últimos anos.
Alguns críticos –
como a jornalista moscovita Masha Gessen – falam até num “julgamento-espetáculo”,
como se via nos anos 1930 durante a ditadura de Stálin. Todas as sessões no
tribunal serão transmitidas ao vivo pela internet, o que para a Rússia é uma
novidade.
No banco dos réus
estão Maria Alekhina, Nadezhda Tolokonnikova und Yekaterina Samutsevich. As
três estão na casa dos 20 anos. Elas formam a banda Pussy Riot e gostam de
provocar com músicas de tom político, cujos clipes elas divulgam na internet.
As gravações de uma
dessas performances punk aconteceram no dia 21 de fevereiro de 2012, na
Catedral de Cristo Salvador, pouco antes da eleição presidencial russa. Um
vídeo na internet mostra um grupo de mulheres com máscaras coloridas de tricô
dançando em frente ao altar. Ao vídeo é acrescentada uma “oração punk”, com uma
música agitada que pede à Mãe de Deus para que persiga Putin. Há cinco meses as
três mulheres estão presas. Elas são acusadas de vandalismo. A acusação pediu
pena de sete anos de prisão.
O processo tem
causado muita discussão na Rússia. Uma pesquisa na máquina de busca russa
Yandex pelo termo Pussy Riot apresenta nove milhões de resultados. O vídeo com
a oração punk já foi visto mais de 1,5 milhão de vezes no YouTube. O número de
comentários sobre o vídeo de dois minutos aumenta a cada dia e já passou dos 30
mil.
As vozes dividem-se
de maneira mais ou menos equilibrada: “é como se alguém sujasse toda a minha
casa”, reclama um usuário anônimo. Outro acha que o processo parece uma
vingança política: “As garotas são tratadas como se tivessem planejado um
atentato terrorista.”
A sociedade russa
também parece dividida. De acordo com pesquisa realizada pela fundação
moscovita Opinião Pública no início de julho, 39% dos russos acham que alguns
anos na cadeia seriam uma pena justa para as jovens da banda Pussy Riot. Quase a
mesma parcela, 37%, são contra.
Há meses ativistas
dos direitos humanos exigem a libertação de Pussy Riot. A Anistia Internacional
classificou as jovens como “prisioneiras políticas”. Lyudmila Alexeyeva,
diretora do Grupo Moscou Helsinki de direitos humanos fala de um “processo
político”. Fato é que o julgamento decorre em meio a um endurecimento na
legislação que, na opinião de especialistas, foi destinado a impedir protestos
políticos na Rússia.
Até mesmo na cena
política russa há pouco consenso em torno do caso Pussy Riot. Escritores,
músicos e atores até têm opiniões diferentes sobre se a “Oração Punk” numa
catedral foi uma ação boa ou ruim. Mas a maioria rejeita uma punição mais dura.
Em carta aberta, mais de 100 artistas russos famosos pedem que as meninas da
Pussy Riot sejam libertadas.
Fonte: DW-World
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