quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ser da paz é babaca


Os defensores da sociedade armada em defesa da família uniram forças para defender o artigo do colunista Cézar Zillig, na última segunda-feira, na qual o escritor e médico defendeu a idéia de que a segurança depende do amplo acesso da população a armamentos, para se protegerem dos larápios e invasores de propriedade alheia. De quebra, Zillig criticou outro colunista do Jornal de Santa Catarina, colega seu, que tem defendido meios mais pacíficos de convivência.

Em resposta a Zillig, escrevi ao jornal uma manifestação, publicada na terça-feira: "O estimado colunista Cezar Zillig, sempre tão ponderado em sua coluna, acaba de anular o Estado Constitucional de Direito e instituir a república da justiça pelas próprias mãos, remetendo a humanidade de volta à Idade da Pedra. De minha parte, peço a Deus que nos livre de uma sociedade assim. Armas, só nas mãos da polícia e, mesmo ali, elas têm feito lambança demais."

Nos dias seguintes, diversas cartas e até um artigo de leitores deram apoio a Zillig e jogaram pesado com os defensores da sociedade sem armas. Para eles, quem defende a paz tem sangue de barata nas veias e é incapaz de reagir à violência que assola nossa sociedade.

Sem levar em consideração a ideologização de algumas reações, tais manifestações resumem o quanto temos que começar do zero na construção de uma sociedade capaz de resolver seus conflitos de modo não-violento, que seja promotora da paz e se recuse a retribuir com violência maior à violência que nos atinge. Este é o caminho mais longo, trabalhoso, mas certamente mais eficaz que o armamento geral. Mas o pessoal quer trilhar o caminho mais curto: o atalho da violência contra a violência. Não percebem que isso leva a uma escalada brutal. Anamaria Cováks tem razão em sua coluna de hoje: "estamos numa guerra civil".

Opiniões raivosas contra os defensores da paz demonstram que damos muito mais ouvidos a protagonistas violentos da ficção, como Silvester Stalone, Arnold Schwartzenegger, Vin Diesel, Steven Siegel, Brus Willys, Chuck Norris, Mel Gibson e muitos outros. A sua forma de reagir é que vale, jogando no lixo do esquecimento as gigantescas lições de ícones da história humana, arautos da luta pacífica, como Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Dietrich Bonhoeffer, Nelson Mandela, Madre Tereza de Calcutá e Jesus Cristo. Não posso deixar de citar também dois seres humanos extraordinários do nosso meio, infelizmente já falecidos, que são os pastores luteranos Ricardo Wangen e Bertoldo Weber.

Ao classificarem os que defendem a ideia de uma sociedade pacífica como equivocados, covardes e até babacas, os defensores do método violento educam seus filhos para reagirem sempre, para nunca deixarem uma agressão sem resposta e jamais levarem um desaforo para casa. Depois, estranham que eles são capazes de orquestrar o assassinato dos próprios pais para se livrar das críticas. Depois, lamentam que eles são capazes de ir para a escola com uma pistola no bolso para intimidar o professor que lhe deu uma merecida nota baixa numa prova, metendo bala em todos que estão à volta.

A nossa geração deixou Woodstock no registro da história. Os netos dos hippies de Woodstock, pelo visto, não querem mais nada com esse papo careta de paz e amor. O negócio hoje é impor respeito pelo visual agressivo, apostando na violência como melhor solução para combater a violência. A aula inaugural da sociedade Mad Max em que vivemos já se recebe muito cedo, em jogos eletrônicos com muitos tiros e muito sangue. Vamos em frente! Defendamos a paz armada. Até o dia em que seremos a próxima vítima...

9 comentários:

  1. Pastor, entendo sua posição, mas gostaria de analisar com o senhor alguns fatos.
    Leia o relatório Lott e Mustard. Na Inglaterra o governo promoveu um grande desarmamento. A princípio as pessoas acharam que com isso a violência acabaria. Porém o que vemos nas estatísticas inglesas é justamente o contrário. A violência aumentou, justamente porque o cidadão não tem mais como se defender. Lá, hoje as pessoas são assaltadas com facas e bastões. Tenho amigos que moram na inglaterra há mais de 20 anos e todos são unânimes em dizer que pós-desarmamento a violência piorou e muito.
    Pastor, recentemente li um artigo no qual uma ilha no pacífico-sul promoveu o desarmamento e proibiu a produção de armas. O que ocorreu é que em menos de 2 anos a bandidagem local desenvolveu tecnologia e produziu armas automáticas em oficinas de fundo de quintal.
    Procure as estatísticas de São Paulo nos anos noventa e as compare com as atuais. Você chegará à seguinte conclusão: nos anos 90 São Paulo era menos violenta que hoje. Isso porque nos anos 90 a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo emitiu mais de 90 mil portes de arma, e hoje a Polícia Federal não emitiu mais de 100, isso comparando os dados e adequando-os ao crescimento da população.
    As drogas são proibidas e isto resolveu o problema.
    É proibido roubar, matar, estuprar, traficar etc...
    Pastor, o problema da violência tem que ser resolvido em etapas.
    Primeiro, a liberação do porte de armas para todo o cidadão honesto e de bem. Isso funciona como um aviso claro que a sociedade não tolera mais a violência e que se o bandido tentar te assaltar, estuprar, matar, sofrerá conseqüências. Funciona porque o bandido não sabe quem está armado ou não e o medo de perder a vida é o único freio capaz de parar um marginal.
    Segundo, uma policia que investigue a fundo uma perícia que permita claramente apontar os culpados.
    Terceiro, educação, saúde, saneamento (só com isso se consegue uma sociedade melhor)
    Quarto, oportunidade de trabalho.
    Quinto, uma justiça rápida, severa e imparcial.
    Sexto, leis duras e penas longas.
    Sétimo, um sistema penal que seja duro, mas que permita a recuperação do preso.
    Essas pastor, a meu ver, são as diretrizes para construirmos uma sociedade sem violência, mais humana, que respeite a vida.
    Espero que o digníssimo pondere estes argumentos, e veja que apesar de parecer um contra senso, a sociedade armada é menos violenta que a sociedade desarmada.
    Cordialmente
    Leduar Kneese (por e-mail)

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  2. Fiquei chocado ao ler o artigo "ser da paz e babaca", sou um defensor das armas, não sou neto de Woodstock (apesar de ter a idade) por acreditar que paz e amor possam ser feitas sim SEM DROGAS e com armas.
    Senhor Clóvis, o senhor comete equívocos impressionantes em seu artigo, inclusive demonstra uma falta de conhecimento sobre nosso ordenamento jurídico e por fim intolerante a vontade de 75% da população que no referendo de 2005 disse não ao desarmamento.
    O senhor cita em seu artigo Madre Tereza, Jesus Cristo entre outros, mas será que essas pessoas não respeitavam a decisão do povo de sua época?
    E os filmes, gostaria que o senhor refletisse que entre realidade e obras do cinema existem diferenças, ou Rambo existiu? MAd Max existiu?
    Saiba o senhor que os USA é o pais mais armado do mundo (leia sobre o Texas), a Suíça da mesma forma, e quais são os índices de escolaridades lá?
    Pretendo não perder muito meu tempo em escrever este mail pois acho que as pessoas que querem implantar nesse pais a ditadura, o estado de excessão enfim todas as formas de impor suas vontade e idéias que não seja pela democracia, não estão só no seio dos governos, estão por locais bem mais próximos de nós.
    Repudio veemente seu artigo.
    Diogo Pasuch (por e-mail)

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  3. Interessante o artigo do Pastor luterano CLOVIS HORST LINDNER|, JORNAL de SANTA CATARINA, 25/11/2009 | N° 11794, ARTIGO, Ser da paz é babaca, elogiando a geração que deixou Woodstock para o registro da história. Considera-se “netos dos hippies de Woodstock” e que estes, pelo visto, não querem nem ouvir falar desse papo careta de paz e amor. Causa admiração que um pastor luterano defenda as virtudes do sexo irresponsável, paternidade desconhecida, drogas e rock-and-roll, do aborto, amor livre, homossexualidade, uso desenfreado de drogas de todas as espécies e a irresponsabilidade social que caracterizou aquela geração. Não podemos deixar de pensar que isto sim é ser babaca frente aos enormes desafios que a humanidade se aproxima, pregar a irresponsabilidade que marcou aquela geração. Tudo em nome das drogas, até aliar a religião justifica os fins. Lamentável defesa de uma sociedade exótica e inerme. Será que sugere também o fechamento das igrejas luteranas e a abertura de mesquitas para não “irritarmos” o Islã?
    Paulo Bento Bandarra (por e-mail)

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  4. Bom dia, li o artigo publicado em 25/11 e fiquei muito pensativo. Sou evangélico e tb atirador/caçador/colecionador, não é pq sou evangélico que sou "santo" e nem pq sou "atirador e possuidor de arma de fogo" que dou bandido ou a favor de violencia, sou e sempre serei a favor de que o cidadão de bem tenha o direito de escolher ter ou não uma arma LEGALIZADA em sua residência, ter o direito ou não de querer defender usa casa e familia.
    Existe 3 coisas que podem salvar uma vida ou tirá-la : ARMA, BISTURI E CARRO. É o modo como é usada, o q precisa e ensinar o povo os príncipios cristão de paz e amor ao próximo, não desarma-lo e depois ver o que vai ensinar. Hitler desarmou sua nação, e olha o que fez!!
    Roger Matos (por e-mail)

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  5. Como fiquei feliz em ler o seu artigo "Ser da paz é babaca". Uma verdadeira luz. Parabéns e muito obrigado. Gostaria de sua autorização para distribuí-lo aos amigos que ainda acreditam na paz e na não violência.
    Vitor Hugo (por e-mail)

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  6. Acompanhei fielmente as publicações a respeito da questão, armar ou não o cidadão que se estenderão por demais até hoje. Li recentemente o seu artigo um tanto quanto imaturo e desconhecedor da causa. Sou morador de uma cidade vizinha a blumenau,sou atirador devidamente registrado,trabalho como vigilante de banco a 5 anos e não paro de receber ameaças...
    Veja bem caro "pastor" minha casa foi arrombada por duas vezes,nos estávamos dormindo quando esses "vagabundos" entraram as duas vezes em domingos por volta da 1:00 da manha,minha mãe levantou para beber agua e deparou com um destes "vagabundos" a 3 metros dela dentro da sala,a mesma entrou em pânico e gritou fazendo com que ele saísse correndo por onde entrou,a janela.
    A policia foi acionada e como já é comum aqui disse que não teria viatura para atender a tal chamado, sendo assim a policia chegou 45 minutos depois com a seguinte afirmação, dizendo um dos soldados a minha mãe:"é dona pela nossa experiência eles já estão longe!!!"; um tanto quanto óbvio pois chegarão 45 minutos depois...
    Vivo tendo que me esconder ou desviar de viciados em crack,minha cidade não tem direito a denuncia anónima(segundo informações da policia a lei não aceita mais)quando acionada a policia,no mínimo eles demorarão 1 hora, depois destes arrombamentos tivemos que gastar 3,500 reais em janelas de ferro por não ter segurança que o estado deveria fornecer, sou de uma família humilde e acredite esse valor foi parcelado em 12 vezes...
    Agora as coisas mudarão sr "pastor" comprei uma calibre 12 pump e quando um desses "vagabundos" tentar novamente adentrar a minha humilde casa,e eu ter que acalmar minha mãe de 63 anos que ate hoje não dorme pelo fato descrito,o sr pode ter certeza de que vai rezar a missa, a missa da justiça, da honra de uma família que assim como tantas é abandonada pelo poder publico que não nos da segurança...
    Luciano Schubert (por e-mail)

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  7. No passado antes de 1980 a violencia era menor do que hoje, em 1930 menor do que em 1980. Isso eu creio que todos concordamos. Porem haviam mais Lideres Religiosos fazendo a sua parte junto ao povo (povo armado, pois a legislação assim o permitia), fossem Pastores, Padres ou outros lideres de cunho Religioso. Havia menos droga e mais familia, mais casamentos e menos divorcios, mais respeito aos mais velhos e menos tempo diante da TV.
    Creio que se cada um fizer a sua parte com a convicção da sua formação muita coisa pode melhorar. Agora, "malandros" que se intitulam de defensores da paz por meios pacificos-sociais, mas que consomem drogas, dando dinheiro para que os traficantes comprem mais armas ilegais e as aluguem para a bandidadgem de rua, com o proposito de nos assaltarem. Ou os que se travestem de "pastores" mas são apenas "bons Vivants" que não querem trabalhar duro como os demais membros da sociedade, e lucram com a infelicidade alheia e quem sabe conseguem ainda manipular os incautos... Bem esses são bem piores do que os criminosos que nos assaltam e nos matam todos os dias, pois estes são lobos em pele de cordeiro...

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  8. Depois de ler os comentários anteriores postados, acho que o reverendissimo deveria colocar a viola no saco e ir pregar em outro lugar.

    Sugiro que escolha uma favelinha ou periferia braba, daquelas com aqueles simpaticos barzinhos abertos, la pelas duas da manha, e nesta candida hora peca uma agua sem gas no balcao dos pinguços. Nao esqueca de levar junto, para completar o alegre passeio, suas amadas. Indefesas, as amadas ficarao para a eternidade na favelinha. Tanto a adorada moto, como a adorada esposa. E talvez tambem o reverendissimo. E nem vai adiantar estar armado, mesmo que o reverendissimo soubesse usar algo alem da caneta e do blog.

    Bom divertimento, Reverendissimo.

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  9. O problema é que ninguém é do bem em tempo integral. Se o sujeito bacana tiver uma arma, qdo perde a cabeça, U.S.A.

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