Os apelos internacionais por respeito aos direitos humanos
em Moscou, em apoio às integrantes da banda Pussy Riot, não surtiram efeito.
Elas foram condenadas a dois anos de prisão. Como Maria Aljochina, Jekaterina Samuzewitsch e Nadeschda Tolonnikowa
já estão detidas há seis meses, têm ainda um ano e meio a cumprir. Duas delas
são mães.
O que elas fizeram? Para protestar contra a candidatura de
Wladimir Putin à presidência, elas criaram uma “oração punk” e a fizeram à
Virgem Maria, na catedral ortodoxa russa, diante do altar, pedindo que ela
arranque Putin do poder. Após ler uma condenação por mais de duas horas, a
juíza as condenou por “vandalismo motivado por ódio religioso”. Deve ser o
mesmo ódio rezado por muitos salmos, que pede a Deus rigor contra os inimigos e
os poderosos em muitos e muitos versículos...
A igreja ortodoxa russa encaminhou um pedido de clemência às
autoridades, “sem questionar o veredito” e “na esperança de que as três
mulheres no futuro não mais pratiquem tais atos de blasfêmia a Deus”. A igreja, estreita aliada do poder desde a
queda do comunismo, está espremida entre os fiéis e os nacionalistas de um lado,
e os que condenam o veredito das autoridades de outro. Para aqueles, uma
blasfêmia e um ultraje à autoridade constituída; para estes, um processo com
clara motivação política. Muitos que protestavam contra a decisão foram presos
pela polícia, entre eles o enxadrista Garry Kasparov e diversos ativistas da
esquerda russa.
Orações que pedem proteção contra os poderosos são bastante comuns na Bíblia. Também é muito comum que tais pedidos atingem o ego destes e os ofendem profundamente. Com o poder que têm, não pensam duas vezes em usar a "lei" contra seus detratores. Este foi o principal pecado das integrantes do Pussy Riot. E a sua maior blasfêmia também...
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