segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Jogo duplo leva tratado de armas ao fracasso



Depois de um mês de negociação, fracassaram as negociações do Tratado para o Comércio de Armas. Estados Unidos, Rússia, Irã, Cuba, Coréia do Norte e Venezuela jogaram as possibilidades de acordo no lixo. Embora não rejeitasse formalmente o texto, o Brasil também não aderiu ao seu conteúdo.

Segundo o Instituto de Estudos Internacionais e de Desenvolvimento, na análise anual denominada Small Arms Trade Survey, o Brasil foi o quarto maior exportador de armas leves em 2011, ficando atrás dos Estados Unidos, Itália e Alemanha. Os Estados Unidos são o maior exportador de armas do mundo.

O Brasil vendeu 5,8 milhões de dólares em bombas de fragmentação e incendiárias ao Zimbábue em agosto de 2001. A bomba de fragmentação espalha de 14 mil a 120 mil esferas de aço, dependendo do modelo. Israel também comprou esse tipo de bomba da indústria brasileira. O Brasil vendeu bombas de gás lacrimogêneo à Turquia. O governo brasileiro deu incentivos fiscais a empresas do setor em 2011, uma motivação para aumentar as exportações.

Para o jornalista Jânio de Freitas (Folha de S. Paulo), “Podemos ostentar um orgulho internacional: nós também temos nossos criminosos de guerra. Gente que não escaparia no Tribunal Penal Internacional de Haia, por fomentar a morte de populações civis e inocentes e, com isso, lucrar fortunas”. 

O Brasil é responsável direto em milhares de mortes anuais em conflitos no Oriente Médio e na África, para onde sua indústria de armas vende tecnologia e armamentos. Enquanto faz de conta que é a favor do controle, joga pesado nos bastidores para que a lucrativa fonte de renda não cesse de jorrar. O autodenominado "país da paz", que não se envolve em conflitos desde a Guerra do Paraguai, está enfiado no comércio internacional de armas até o pescoço. Quando as suas armas não matam, mutilam. Entre as principais vítimas das armas brasileiras estão milhares de africanos mutilados durante as guerras em Angola e outros países. Eles perderam membros superiores e/ou inferiores por conta de minas terrestres fabricadas no Brasil.

O Brasil, denunciou Freitas, está envolvido em monstruosidades que finge condenar. Em declaração escrita encaminhada à ONU, o Brasil combateu a “transparência absoluta” no assunto exportação de armas, o que igrejas, ONGs e militância por uma cultura de paz defendiam no Tratado para o Comércio de Armas. O Tratado está em discussão desde 2006. Mesmo sem acordo, o texto será enviado para a Assembleia Geral da ONU, que definirá, em outubro, como será dado andamento ao processo.

(Com informações de ALC)

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