O pastor Schmidt e as mulheres do grupo de idosos abriram o culto com uma dança litúrgica.
“Bem-vindos à vinícola do amor”, diz o pastor Ralf Schmidt
na abertura do culto especial que celebrou em Mainz-Kastel, na Alemanha, no
último domingo. A igreja estava excepcionalmente abarrotada de gente. Muitos
fiéis, mas ainda mais curiosos. Jornalistas e fotógrafos queriam registrar cada
palavra, cada imagem daquele culto. “Vamos celebrar a erótica da vida”,
anuncia o pastor, ao templo lotado da Igreja do Salvador, enquanto uma
voluntária espalha pétalas de rosas pelo corredor da igreja, durante o
prelúdio.
O clima era “excitante”, sem trocadilhos. O pastor Schmidt (47 anos), assume o comando
da celebração e anuncia uma dança litúrgica, protagonizada por senhoras do
grupo de idosos, que dançam de mãos dadas e acenam lenços coloridos durante a
dança, convidando a comunidade a participar do momento em que todos dão passos
à esquerda e à direita em volta do altar.
O tumulto já iniciara dias antes, quando o telefone da casa
pastoral não parava de tocar. Os jornalistas tinham mil perguntas e os membros
conservadores da comunidade queriam manifestar a sua indignação pela ousadia do
pastor. Schmidt se defende. Ele só queria um culto sobre o amor. A princípio.
Mas, como na Alemanha todo pastor é também um professor de
Ensino Religioso nas escolas, ele apresentou o projeto aos seus alunos. Eles
acharam tudo muito bonito, mas frio e meio sem graça. Um tédio. E os alunos
começaram a falar em “foder” e “transar”, querendo saber se a Bíblia também diz alguma coisa sobre erotismo. Mal sabiam
eles sobre o livro de Cantares... E o pastor decidiu apimentar o tema e
promover um culto bem diferente. Por segurança, ele impôs idade mínima de 16
anos para participar da celebração.
Durante a prédica, o pastor vai logo quebrando tabus: “O
desejo não é coisa do diabo. Foi Deus quem o plantou em nós”. E em seguida, oh,
santo Deus, ele dá nomes próprios às coisas do amor: “As minhas nádegas, as minhas
mãos, a minha língua, o meu pênis, o meu lóbulo da orelha são zonas erógenas.
Por isso, vamos curtir as coisas boas que o jardim dos prazeres de Deus nos
proporciona, já que não vivemos mais no paraíso”.
Nenhum raio vem do céu para fulminar o atrevido clérico, nem
se ouve qualquer risadinha entre os fiéis, nos bancos da igreja. Todos estão
cem por cento ligados na prédica. E o pastor não deixa por menos: “Na vida de
muitos crentes as orações são tão ressequidas e desérticas quanto a vida
amorosa”. Todos prestam atenção como poucas vezes antes, diz o pastor depois do
culto.
Ele menciona um antigo programa da TV, que se chamava “Santo
Deus, pastor!”, que levou ao ar uma cena em que o pastor faz sexo com a esposa
e, em seguida, ruma para um sepultamento, onde a sua reflexão é comovente e
profundamente consoladora. “Talvez os nossos pastores e as nossas pastoras
deviam ir mais vezes para a cama com os seus amados, para que suas
palavras se tornem mais vivas, poderosas e fortes”, prega o pastor Schmidt.
Para o pastor, o importante nesse culto era buscar o debate
mais solto de alguns temas considerados tabu entre os cristãos. Mas, para alguns,
incomodava mais um pastor usar a palavra pênis durante o sermão do que a sua
sincera busca por uma sexualidade santificada entre pessoas que se amam e que
podem erotizar sua relação sem medo de estarem agredindo a Deus ou desobedecendo
algum mandamento.
A ousadia do pastor Schmidt trouxe à minha recordação o meu
tempo de estudante, em que um professor muito querido dizia aos estudantes de
Teologia que o sexo é algo bom e que, em sua opinião, era a única coisa boa
que Adão e Eva tinham levado junto quando foram expulsos do paraíso.
Eu concordo com o meu professor e concordo com o pastor
Schmidt. Pena que um culto assim provoque tanto alvoroço na imprensa, na sociedade e até na própria comunidade. Talvez
porque o pecado capital sempre tenha sido associado a erotismo e prazer sexual. Lembro, também, que quando casei com a minha esposa, há mais de 34 anos, minha mãe nos deu um velho livro de “educação” sexual com tabelas para engravidar e evitar gravidez e outras “instruções” apropriadas para o início da vida na mesma cama. E, surpreendentemente, uma das “dicas” importantes desta obra, que a minha falecida mãe seguiu por todo o seu casamento, ensinava que, para gerar um filho, não era recomendável ter muito prazer durante a relação sexual...
Mas não é nada disso. Leia Cantares, se você duvida das minhas
palavras. A Bíblia é a favor do erotismo. Que você tenha muito prazer e que Deus abençoe ricamente cada transa com quem você ama...
Gostei deste pastor Scmidt!
ResponderExcluirum jantar dançante ao final do culto não seria uma má idéia...
abraço!