Hoje, dia 27, houve uma audiência no Piratini com
presença da Comissão Estadual da Verdade, mais um representante da Comissão Nacional
da Verdade e a filha de Rubens Paiva, deputado morto pelo DOI-CODI. Sua filha
Beatriz esteve presente na entrega dos documentos para as Comissões da Verdade;
documentos apreendidos na casa do coronel Molina, que foi morto por bandidos. O
coronel foi um dos ordenadores da violência e da tortura no regime militar. O
Governador parabenizou a Política Civil por ter dado um destino certo a
documentos públicos, que se encontravam na casa do coronel. Em outra
época ou com outras pessoas, os documentos não cairiam nas mãos do
Governo, disse Tarso. Na casa do coronel foram encontradas 20 armas do
exército, que para este órgão voltaram e mais uma caixa com 205 páginas
de documentos, relatórios e anotações dele sobre o esquema de tortura. A
partir de quinta teremos acesso ao material, já digitalizado.
O que mais chamou a atenção foi o depoimento rápido da filha
Beatriz Paiva: Parece que estamos vendo um filme onde não
aparece o The End. De tempos em tempos alguém descobre uma
informação sobre o nosso pai, a notícia se espalha e a dor toda volta.
Era quase um pedido para não se falar mais sobre o desaparecimento de seu pai.
Mesmo assim, agradeceu o empenho de todos em elucidar a verdade.
Aguardemos, pois, as reações de todos os lados. Por vias tortas
do assassinato os documentos vieram para a luz do dia. Parece
que a família do coronel morto colaborou com a polícia civil. Militares
que fizeram parte da tortura faziam pressão sobre aqueles
torturadores que queriam abrir o passado. Por esta razão, a família do
coronel logo colaborou com a polícia.
As dificuldades da EST, doenças na família ( mãe e
sogro|) e a sessões de escuta de parentes de mortos, desaparecidos, busca de
restos mortais, violência dos agentes de Estado, enlutados, etc. – nas quintas
à tarde, no 12 andar do IPE– aumentam a couraça da gente para
enfrentar tudo isto. Ainda bem que no centro da fé está um crucificado que não
ficou na morte. As picuinhas do cotidiano se tornam irrelevantes, o que pode
ser perigoso, também. Chega por hoje. Vou para academia fazer musculação e
natação, a fim de aguentar o tranco. Afinal, a verdade nos libertará.
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