Nos dias 13 a 15 de novembro aconteceu um dos mais
emocionantes eventos da caminhada recente da igreja luterana (IECLB) no Brasil.
As pastoras, diáconas e ministras de todos os ministérios ordenados
participaram, em Curitiba, das celebrações pelos 30 anos do ministério ordenado
de mulheres na igreja luterana.
Quando falo em luterana, refiro-me, com apaixonado orgulho,
à IECLB. Nossa irmã luterana de origem norte-americana, com as iniciais IELB,
não tem mulheres pastoras e não quer nem conversa sobre este assunto. É uma
pena. Não sabem o que estão perdendo. Acho até que é mais provável que as duas
maiores igrejas luteranas brasileiras um dia participem de uma rodada de
comunhão na forma de corpo e sangue de Cristo, do que a IELB algum dia abrir
mão do seu machismo histórico e aceitar mulheres pastoras.
Mas este não é o momento para polemizar com os irmãos da
IELB. A IECLB está em festa. As pastoras da IECLB estão em festa! E ouso até
dizer que nem é tanto o caso de diáconas e diaconisas, e de professoras
catequistas e missionárias, que participam do ministério desde os primórdios. A festa mesmo é
das nossas pastoras. Elas abriram um caminho belo, florido, espetacular na
história da igreja cristã.
Sei. Mais uma vez, tudo começou na Europa, onde as mulheres
luteranas conquistaram os primeiros postos de pastoras e de bispas nas igrejas
de lá.
Mas a nossa IECLB não ficou atrás. Ousou, permitiu que tudo
fosse acontecendo, sem impor ou regular, opor ou determinar. Tudo foi fluindo
num jeito maravilhoso e, o que é ainda maior motivo de júbilo, com pouquíssima
resistência. Rita Panke, minha companheira de Coral do Morro em São Leopoldo,
foi a primeira a ir para uma paróquia. Edna Mogga (hoje Raminger), a primeira
mulher ordenada pastora na IECLB, foi minha colega de turma na Faculdade de
Teologia.
Fizemos história juntos, estudantes homens e estudantes
mulheres, num período repleto de mentes inovadoras e corajosas, sob o mesmo teto
e sem perceber o que de grandioso estávamos edificando ali. Hoje é gratificante
olhar para trás e ver o tamanho do edifício... Valeu Rita, Edna, Mariane,
Marlise, Gisela, Nilve (In Memoriam)... as primeiras a mergulhar de cabeça num
mundo 100 por cento masculino e estruturado por homens. Vocês mudaram a face da
igreja! E ela ficou muito mais rica, bela, suave, carinhosa.
Os pastores homens, que eram a esmagadora maioria do poderio
eclesiástico da IECLB há menos de 30 anos, nunca mexeram um dedo para impedir
este espetacular avanço. Bonito! Eles viram tudo acontecer, sem ressentimentos,
medos ou rejeições. As colegas pastoras que foram chegando nas paróquias foram
acolhidas de braços abertos, encantando as lideranças e os membros.
Por isso mesmo, só há motivos para comemoração. A nossa
IECLB deu de goleada na maioria das igrejas históricas, como a intransigente
Igreja Católica ou a irredutível IELB. Estamos há anos-luz à frente deles. A
nossa jornada pioneira arregimentou um respeitável contingente de 350 mulheres pastoras,
catequistas, diáconas e missionárias. Elas são 25 por cento do total de 1.220
pessoas ordenadas aos quatro ministérios válidos na IECLB.
A tendência é que este número aumente, pois entre os
estudantes de teologia as mulheres já representam a metade dos postulantes ao
ministério ordenado. É um tsunami do bem, que renova os ares da IECLB e a
moderniza em ritmo de século 21. Parabenizo as mulheres ativas no ministério
ordenado da IECLB! Parabenizo também aquelas muitas que contribuíram no processo
e não estão na ativa, mas ajudaram na reflexão e no mutirão que promoveu esta
magnífica história de valorização da vocação em nosso meio. Parabenizo a IECLB, por
este processo histórico tão rico e bonito, que enche o peito da gente de orgulho de ser luterano!
Esses tempos estive visitando a Puppi ( Maria Luisa Schwanke Rückert) em Vila Valério no Espírito Santo. Ela nunca foi ordenada e depois saiu da IECLB, mas pelo que me disse, foi enviada pela IECLB a um campo de atividade ministerial. Então, pelo que me consta foi ela a primeira enviada e assumiu um campo de atividade e não a Rita, mas valeria a pena ver isso certinho nos anais da IECLB. Ou até pode ser que a IECLB agora não reconheça mais isso em função da saída dela. Gostei do artigo no Blog, valeu.
ResponderExcluirMariane
Mariane, você tem toda a razão. Fiquei o tempo todo pensando: "Tem mais alguém! Não consigo lembrar!". Era a Puppi do Paulo, claro! Valeu! Ela certamente foi a primeira. Pena que ela saiu da IECLB. Lembro que a sua atuação era muito elogiada pelas lideranças leigas, especialmente mulheres da OASE, onde ela era constantemente convidada para realizaqr palestras, sempre muito boas! Ela hoje está na metodista?
Excluir"A tendência é que este número aumente, pois entre os estudantes de teologia as mulheres já representam a metade dos postulantes ao ministério ordenado"
ResponderExcluirPena que, independendo de gênero, é cada vez menos a quantidade de pessoas que ainda se deixam atrair pelo estudo da teologia!
Ricardo
Clovis, admiro teu empenho, mas chamo atenção de que não existe "ministério ordenado" na IECLB (só na EKD). Aqui ordenamos apenas os ministros e as ministras, assim como o TRE não dá posse a prefeituras, mas apenas a prefeitos e prefeitas. Não é apenas semântica, é uma (mais uma) confusão teológica, no caso, acerca do que seja ordenação. Por isso a discussão ferrenha há 10 anos, quando batalhei para que o EMO se chamasse Estatuto do "Ministério com Ordenação". Infelizmente nem os pastores-presidente assimilaram o problema
ResponderExcluirWerner Fuchs
OLÁ CLOVIS, entrei aí por acidente. Procurei no pai/mãe google por pastoras luteranas e te encontrei. Sou lerdinha com essa coisa da informática. Ainda curto papel... Mas enfim, é muito legal te achar. Se vieres para banda de Campinas nos teus passeios, moro por aqui. Seja bem vindo!!!!
ResponderExcluirVAMOS TENTAR RESGATAR A MEMÓRIA DA MARIA LUIZA. Eu admiro muito ela. Não sei das estórias que rolaram, mas lamento muiiiiiito que ela deixou ou foi deixada da IECLB.
MARIANE SENTI SUA FALTA NO ENCONTRO DAS MINISTRAS DA IECLB. CADE VOCE?? ENCONTREI O WERNER FUCHS NO CULTO E FIQUEI MUITO FELIZ!
Grande abraço, Haidi
Clóvis, meus cumprimentos.
ResponderExcluirLi seu artigo e fiquei triste com seu breve comentário sobre a IELB.
Acredito que a questão das pastoras na IELB e a questão da rodada de comunhão na forma de corpo e sangue de Cristo entre IELB e a IECLB estão no mesmo patamar.
A IELB é ligada diretamente às verdades bíblicas independente das mudanças do comportamento humano. Tomamos como exemplo a homossexualidade na igreja. A IECLB não se posicionou contra a aprovação de Reverendos Homossexuais em sua igreja nos EUA, isso prove que está vulneráveis às mudanças temporais que podem atrapalhar o ensinamento puro das escrituras.
Sugiro que se intere mais sobre a IELB e depois disso, teça comentários coerentes, de preferência. Fica a dica!!!
Grande abraço.
Não é questão de 'não sabem o que estão perdendo'. A Bíblia é bem clara ao restringir a atividade do sacerdócio aos homens no Novo Testamento. A IELB apenas segue o que ela manda; ninguém é obrigado a adotar teologia liberal que só usa o que quer das Escrituras.
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