terça-feira, 1 de junho de 2010

Que os profetas levantem as suas vozes


Nem Israel suporta mais Israel. A própria imprensa da "Terra Santa" desceu a lenha sobre o governo israelense. O povo não aceita mais tanta intolerância. E para dizer logo de uma vez, o moderno Estado de Israel não tem nada a ver com o povo bíblico que Deus libertou do Egito e cuja história inspirou tantas e tantas coisas maravilhosas mundo afora, inclusive os ideólogos da Teologia da Libertação.

O moderno Estado de Israel também não tem nada a ver com o povo de Israel de hoje. O valoroso povo de Israel, inclusive, juntou-se aos protestos do mundo todo pelo ataque terrorista do Estado de Israel aos navios que levavam ajuda humanitária ao povo palestino. O Estado Moderno de Israel é terrorista. Está inflexível em sua determinação de varrer o território palestino do mapa e, se ninguém fizer nada, vai conseguir.

Em sua determinação terrorista, conta com o apoio incondicional daquela que se diz a maior nação cristã do planeta, que se considera instituída por Deus para ser o juíz do mundo e que ficou furibunda porque um paizinho chamado Brasil, e seu presidente operário com apelido de molusco, ousaram interferir em seu negócio mundial de armas.

Por coincidência, é a nação que abriga o maior número de pseudo-teólogos que defendem a crescente ousadia terrorista de Israel porque confundem o moderno Estado de Israel com o povo de Deus.

A única semelhança entre o Israel bíblico e o Estado de Israel é a sua arrogância quando está por cima. E nessas horas, pelo menos na Bíblia, sempre surgiram profetas ousados, atrevidos mesmo, que não tiveram medo de anunciar o juízo de Deus sobre o povo arrogante. E se o Estado de Israel ainda tiver uma pequena semelhança com o lendário povo bíblico, então está na hora de ouvir os profetas.

Estou longe de ser um tal profeta, mas, mesmo assim, ouso dizer:
Israel, Israel, tua intolerância com os palestinos clama aos céus!
O Senhor não tolerará tanta matança
de inocentes, mulheres e crianças.
O sangue derramado na Palestina
faz a ira de Javé chegar ao seu limite.
Tens sido protegido na segunda metade do século 20
e tiveste a tua nação reconstruída.
O Senhor, porém, já não suporta mais a tua arrogância.
Ele abomina a tua sede de vingança
e já não quer ouvir as tuas queixas
contra aqueles que consideras teus inimigos.
És uma das nações mais bem-armadas da Terra.
Javé, porém, abomina a guerra.
"Paz, paz!", clama o coração de Javé.
Escuta, Israel, o clamor do profeta:
Arrepende-te dos teus desejos de vingança
e volta-te para o Senhor, teu Deus,
porque a sua vingança não tardará
e será grande o teu clamor!

4 comentários:

  1. Parabéns pelo belo artigo!Também penso como você, mas muita gente ainda confunde o Estado de Israel com o povo de Israel, e transfere seus sentimentos contra o Estado para o povo judeu, levando a uma nova onda de antissemitismo (que aliás não é de hoje). Você foi muito feliz em colocar cada coisa em seu lugar, e enfatizando essa diferença ao longo de todo o artigo. É de esclarecimentos assim que se faz o bom jornalismo!
    Anamaria

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  2. Inspirado e excelente o artigo “Que os profetas levantem suas vozes”, do pastor Clovis Horst Lindner (Santa, 4 de junho). Quiçá todo cidadão tivesse a visão que o missivista expôs com tanto entendimento. Poucos tem a coragem de expor opiniões verdadeiras acerca de assuntos que a grande imprensa trata com subserviência aos interesses dos “senhores das armas”.
    Mauricio Xavier Müller (Cartas do Santa 05/06/10)

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  3. Fazia tempo que não lia uma opinião tão raivosa quanto a do pastor Clóvis Horst Lindner, no artigo “Que os profetas levantem suas vozes” (Santa, 4 de junho). Mas não sei por que me espanto. Criado no liberalismo latino-americano, o pastor tem mais afinidade com Marx do que com as Escrituras. Só isso justifica tal generalização. Primeiro, chamou o estado de Israel de terrorista, depois chamou seu aliado histórico, os Estados Unidos, de nação hipócrita. Interessante como pôde ignorar o terrorismo de uns e acusar o de outros. Deve considerar o terrorismo palestino como legítima defesa.
    Ednilson Clemente (Cartas do Santa 05/06/10)

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  4. Ednilson, você tem razão três vezes. A primeira vez: sim, chamei o estado de Israel de terrorista. A segunda vez: sim, considero o seu aliado histórico, os Estados Unidos, uma nação hipócrita. A terceira vez: sim, os atos palestinos podem ser considerados de legítima defesa contra sistemáticos ataques de um exército centenas de vezes mais bem-armado do que o seu. Quanto ao terrorismo de uns ou de outros, condeno o terrorismo (e a violência em geral) como instrumento para obter qualquer coisa.
    Apesar de ter razão três vezes, a sua missiva merece algumas correções. A primeira: o meu artigo não contém uma opinião raivosa. Não estou me manifestando contra o povo judeu, mas contra o seu governo, dominado pelo sionismo, que é xenófobo e terrorista. A segunda: o meu artigo não é uma generalização. Informe-se melhor sobre a realidade no Oriente Médio antes de afirmar qualquer coisa. A terceira: o liberalismo não tem nada a ver com a esquerda histórica na América Latina, mas é justamente o movimento no qual o missivista se encaixa. Quem é liberal, é conservador e de direita. A quarta: não sou marxista, nem leninista, nem trosquista, nem comunista. Sou um cristão consciente e politicamente posicionado à esquerda, com uma visão social inspirada no Evangelho de Jesus Cristo, que não produz escravos, mas libertos.

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