Carmen quer ser pastora luterana, mas é casada com o muçulmano Monir...
A candidata ao pastorado Carmen Häcker, demitida da igreja luterana de Württemberg, na Alemanha, por conta de seu casamento com um muçulmano, foi acolhida em Berlim, onde poderá concluir seu vicariato. Ela concluirá seu período prático na área de Ensino Religioso Escolar, numa escola de Zehlendorf. A partir de março ela irá assumir funções pastorais na Comunidade de Paulo, no mesmo bairro berlinense.
Carmen Häcker casou-se com o muçulmano Monir Khan, de Bangladesh, em agosto do ano passado. Em vista disso, a direção da igreja de Württemberg a suspendeu de suas atividades ministeriais e a demitiu em 31 de dezembro.
A demissão causou comoção na Alemanha e foi recebida como um atentado à liberdade religiosa e atitude xenófoba. Carmen e seu relacionamento “proibido” viraram notícia na imprensa. Manchetes como “Enamorada, noiva, casada e demitida” pipocaram nas capas de jornais e revistas. Todos se indignaram que ela foi impedida de morar na casa pastoral por conta do seu amor proibido. “A moça de 28 anos precisa tomar uma decisão difícil: ou ela vai morar na casa pastoral com um marido cristão ou a porta lhe será fechada”, dizia um dos muitos artigos sobre o caso.
Um mês após o traumático cumprimento do regimento interno de acesso ao pastorado em sua igreja de origem, novas portas foram abertas para o recém-casado par da diversidade religiosa. Carmen foi assumida pela igreja de Berlim para a conclusão do seu período prático porque há outras regras para a formação pastoral na capital alemã. Em Württemberg o período prático leva o candidato ao pastorado diretamente para o ministério pastoral, o que somente é possível se o cônjuge for originário de uma igreja membro da associação cristã de igrejas.
Já em Berlim teólogos casados com pessoas de origem confessional não ligada ao cristianismo podem tornar-se pastores, a partir da análise individual de cada caso pelo consistório. Isso é possível quando o casal une seu matrimônio segundo os ritos da igreja, os eventuais filhos sejam batizados na igreja e o cônjuge não-cristão declare estar de acordo com a atividade ministerial de seu parceiro de matrimônio.
Carmen não entende que a igreja pode rejeitar o seu vínculo matrimonial com Monir, que segundo ela é baseado no amor e, portanto, plenamente aceito por Deus. “Se Deus é amor, e isso eu aprendi no seminário, como a igreja pode rejeitar a nossa união?”, ela questiona.
De todo modo, é uma história de carne e osso que nos ajuda a refletir o quanto nossos preconceitos podem penetrar sob a pele do dia a dia e causar estragos gigantescos. O regimento interno da igreja de Württemberg certamente não previu consequências tão dramáticas para serem administradas. E, na verdade, as leis que criamos quase nunca levam todos os riscos em conta que estão embutidos em sua formulação.
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reblogado e divulgado.... um abraço
ResponderExcluirObrigado, Hollas
ExcluirE qual seria a posição da IECLB num caso local como esse?
ResponderExcluirEntendo que existam dentro do cristianismo teologias e interpretações distintas para diversos temas/assuntos, mas nesse caso estamos falando de uma diferença radical de credo, que remonta aos fundamentos de nossa fé e religião.
Talvez o ato da expulsão tenha sido inoportuno e infeliz por parte da igreja. Mas não seria a ousadia de Carmen um ato de extremo contrasenso, ou até mesmo antagonismo aos pilares do cristianismo, da bíblia e dos fundamentos da nossa fé cristã?
No Brasil pastores já foram 'demitidos' por menos que isso!
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