terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Herzog e a Comissão da Verdade

Silvaldo, com sua tristemente famosa foto de Vladimir Herzog

O ex-fotógrafo policial Silvaldo Leung Viera, levado por militares para fotografar o falso suicídio de Vladimir Herzog, está disposto a contar os detalhes deste e de outros episódios em que testemunhou torturas e assassinatos políticos, segundo a Folha de hoje.

Essa história de Herzog é somente uma de inúmeras outras, que mostra que a conversa fiada de que a “Comissão da Verdade precisa ouvir o outro lado, porque os militares combatiam terroristas e assaltantes de banco” é uma sórdida distorção da história terrível que se desenrolou nos porões da ditadura brasileira.

Esta é a famosa e triste foto de Silvaldo.

Segundo consta dos autos, Herzog apresentou-se espontaneamente ao DOI-CODI. Foi acusado de integrar diversos grupos subversivos, preso e torturado até a morte para arrancar dele alguma informação sobre esses ditos grupos. Depois que o mataram, simularam um patético suicídio, fotografado por Silvaldo. Nele, Herzog está numa posição impossível para cometer suicídio.

Uma história dessas pode ser simplesmente esquecida? De jeito nenhum! Como esta há muitas e muitas outras. Cada uma dessas histórias mostra o quanto é urgente que a presidenta Dilma instale a Comissão da Verdade.

E parem com essa história de que o regime militar fez tudo para evitar que o Brasil virasse um país comunista, uma Cuba. Que conversa descabida! Quanta mentira, quanto servilismo e subserviência à fantasiosa visão americana do mundo da guerra fria! Até quando vamos acreditar nesse conto da carochinha de que os americanos foram os bonzinhos e os soviéticos os maus dessa sórdida história? Tudo o que estava em jogo era superar o poderio do outro.

Ainda vou postar nesse blog um documentário que mostra como os americanos fizeram uso do conhecimento de criminosos de guerra, como Claus Barbie e outros, para ensinar justamente todos os métodos de tortura e eliminação de opositores que foram amplamente empregados em toda a América Latina. A escola de Barbie ensinou tudo também ao nosso DOI-CODI.

Então, está na hora de abrir essa caixa maldita. O próprio Silvaldo diz que “a história vai se perdendo, há muitos episódios que não são conhecidos, acho que uns 90% dos fatos ainda não se tornaram públicos”. Como escreve Brizola Neto em seu blog Tijolaço, "o povo brasileiro tem o direito de conhecer os fatos. Independente de serem responsabilizados judicialmente os seus autores, é preciso que esta escuridão desapareça da nossa vida política. Senão, o tempo é quem matará o direito à memória".

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