segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Advento é um tempo de espera
Passamos metade da nossa vida esperando. Crianças esperam crescer, ir para a escola, virar grande que nem o pai... Adolescentes esperam que o tempo passe bem rápido, para que os adultos deixem de ter o comando sobre suas vidas, que querem desesperadamente tomar nas próprias mãos. Quando adultos, esperamos pela pessoa que iremos amar por toda a vida, por um emprego melhor, por melhores condições de vida, pela compra do primeiro carro, pela quitação da casa própria, pela troca do carro por um modelo novo...
Quem viaja, espera na rodoviária, no aeroporto ou no cais do porto. Quem está apaixonado, espera pela pessoa amada, o tempo que for necessário, com toda a paciência. O paciente na sala-de-espera, que já tem este nome justamente porque é o lugar em que se espera, mesmo se contorcendo de dor, pela chegada do atendimento médico. A criança espera na fila do brinquedo do parque até que chegue a sua vez. A aluna espera pela prova corrigida com uma ansiedade incomparável, para saber a nota que conseguiu.
Esperamos muitas coisas, mas a sensação de ter que sentar pacientemente e esperar nunca ficou tão clara quanto nas últimas enchentes. Tivemos que sentar, calmamente, em casa, e esperar a chuva diminuir, a água baixar, o tempo dar uma chance de começar a limpar. Para milhares de famílias, a espera da vida começa do zero: poder juntar o suficiente para reconstruir a casa própria, poder comprar novamente um carro ou recuperar o que sobrou. Para outros, muitos outros, agora só resta esperar que a dor passe, que o luto termine, que a saudade não mate...
Passamos a metade da vida esperando... Esta é a experiência de todos nós. E quanto mais velhos ficamos, mais isso fica evidente, palpável, presente em nossa vida. E quanto mais nos damos conta de que esperar é o que nos resta em boa parte dos nossos dias, mais claro fica que o pensamento de que “tempo é dinheiro” é pura balela; é um desrespeito ao nosso direito de esperar. E a pessoa prudente aprende a esperar sem ficar inquieta. Quem consegue superar sua própria impaciência, aprende uma nova maneira de relacionar-se com o tempo.
Também o Ano da Igreja convida a esperar em alguns momentos. Agora estamos em meio ao tempo de Advento, que começa oficialmente nesta semana, mesmo que no Shopping, na decoração natalina das ruas e em muitas residências o cheiro de Natal já tenha chegado há algum tempo. Quando acendemos a primeira vela da coroa de Advento, entramos num tempo especial de esperar. É um tempo gostoso de espera, de permitir-se um sorriso de canto de boca, um lampejo de alma que nos alegre. É a alegria pré-natalina que começa a nos preencher.
O tempo de Advento, que é o tempo da espera cristã por excelência, é o tempo em que aguardamos, pacientemente, pela salvação que vem de Deus. Não é como um conto de fadas, não é como uma história de papai Noel, não é como um sonho bonito... Não! É a realidade da salvação verdadeira, plena, repleta e total em Cristo. O menino que nos vem no Natal é o começo. Mas não se pode entendê-lo sem seu fim, na cruz e na ressurreição. O Natal sem a Páscoa é apenas uma fantasia... Bonita, mas vazia.
O tempo de Advento é o tempo da alegria antecipada e da espera: fazer os doces de Natal, comprar os presentes, acender as velas, expressar nossa fé e nossa esperança por paz, alegria e bons sentimentos. É tempo, especialmente, de treinarmos a capacidade de esperar com paciência por novos tempos. Que não nos conformemos com a destruição e a morte, mas nos alegremos, sinceramente, com a construção do seu reino de paz e vida.
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