Derrotada já no primeiro turno, Marine (comemorando o resultado nas urnas com o pai e mentor da extrema direita francesa, Jean Marie Le Pen) é a grande vitoriosa das eleições francesas de 2012.
As eleições francesas e gregas representam mais um passo firme numa direção temerosa no continente europeu. Não por causa da vitória da esquerda na França com François Hollande, que até representa um bom sinal à primeira vista. O que preocupa realmente são os desdobramentos que se desenrolaram nos bastidores das campanhas eleitorais e os resultados que emergiram das urnas.
No parlamento grego a xenofobia conquistou representação significativa e, com isso, um espaço na mesa de negociações do futuro da sociedade que inventou a democracia e pode pagar caro por isso em breve.
Já na França, o país que deu origem à moderna democracia através da Revolução Francesa (Liberté – Egalité – Fraternité), a fraternidade foi lançada na crescente fogueira da xenofobia. A igualdade tem pretensões de exclusão para os “menos” iguais. E a liberdade ainda existe, mas está com os dias contados. Se não corre risco imediato de extinção, pode estar sendo internada na CTI com grave doença a representar risco de vida. E, o pior: a França é um espelho para toda a Europa, cujo futuro próximo está sendo escrito com tinta nanquim e tons acinzentados.
Dezoito por cento para Marine Le Pen e seu partido de ultra-direita, com seu programa de exclusão contra estrangeiros e muçulmanos, de retomada dos princípios das Cruzadas (a Europa para os europeus e os cristãos!), é uma representação que nem mesmo Hollande pode ignorar. A esquerda volta ao poder na França levando a xenofobia a tiracolo, porque não conseguirá governar sem este nefasto apoio.
Na verdade, a vitória apertada de Hollande (maioria simples de 51,62%!) apenas adia por pouco tempo o que já se desenha no horizonte francês. E tal vislumbre não se baseia apenas nos votos que a musa da extrema direita recebeu, ou seja, 18%. O problema, muitíssimo mais grave, está nos 36% dos franceses que se rendem aos encantos da cartilha extremista de Marine Le Pen e toda a horda que a segue. Para eles a solução de todos os problemas da França se resume em expulsar os estrangeiros e os islâmicos do país. Eles querem liberdade, igualdade e fraternidade para os franceses e somente para eles.
Anote aí: tudo isso é só mais um passo rumo ao fim da União européia e da Zona do Euro. Mas não só. É o princípio do fim da Europa livre, regida pelos princípios internacionais tão duramente conquistados depois da segunda guerra mundial e fixados na Carta das Nações Unidas. A segunda metade do século 21 será a era do desmonte de todas as conquistas que gravitam em torno dos direitos humanos. O tempo vai fechar na Europa e a tempestade vai respingar em todos nós.
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