segunda-feira, 30 de abril de 2012

Os mártires de Chicago


O primeiro de maio de 1886 não foi um dia qualquer em Chicago (EUA). A União Central Operária daquela cidade havia convocado seus filiados para uma assembléia e uma greve geral, para exigir que a jornada de trabalho fosse reduzida para oito horas. No dia 1° de maio, trabalhadores de distintas fábricas atenderam ao chamado e mais de 200.000 trabalhadores participaram em cerca de 5.000 greves.

Em 4 de maio foi convocada uma manifestação no Parque Haymarket (Parque do Mercado de Feno) de Chicago, em protesto contra os acontecimentos do dia 1º. Em plena assembléia estourou uma bomba diante dos policiais, produzindo feridos e mortos entre eles. Em represália, a repressão contra os manifestantes foi incontrolável. Nunca foi possível precisar quantos participantes da assembléia morreram, nem quantos ficaram feridos. Foi declarado estado de sítio e toque de recolher, prendendo centenas de trabalhadores e dirigentes sindicais, que foram acusados de serem culpados pelo massacre.

Processados, e posteriormente condenados, oito dirigentes anarquistas e socialistas, jornalistas do periódico alemão Arbeiter Zeitung, são conhecidos desde então como os “Mártires de Chicago”. Num julgamento sem nenhum fundamento, foram declarados “inimigos da ordem e da sociedade” e, apesar de não se ter provado nada contra eles, foram condenados à forca.

A pena condenou Albert Parsons, August Spies, Adolph Fischer, Georg Engel, que foram executados em 11 de novembro. Já Louis Linng suicidou-se em sua própria cela. Michael Swabb e Samuel Fielden tiveram a pena comutada para prisão perpétua, enquanto Oscar Neebe teve a sanção transformada em 15 anos de trabalhos forçados.

Em meados de 1889 reuniram-se em Paris os representantes da Segunda Internacional, que havia decidido reorganizar-se depois da auto-dissolução da Primeira Internacional em 1876, no Congresso de Filadélfia (EUA). Entre suas principais resoluções esteve a de converter o 1° de Maio em uma jornada de protesto universal em memória dos trabalhadores de Chicago que haviam sido massacrados pela polícia em 1886. O dia 1º de Maio foi declarado então “Dia mundial da luta operária”. Um ano depois, trabalhadores de todas as partes do mundo, organizaram pela primeira vez o Dia dos Trabalhadores.

Desde aquele momento, o 1° de Maio Dia dos Trabalhadores é celebrado na maioria dos países do mundo. Entretanto, nos Estados Unidos, lugar onde aconteceram os sangrentos fatos, o “Labor Day” (Dia dos que trabalham) é comemorado todos os anos na primeira segunda-feira de setembro.

Com efeito, foi o dirigente Peter Mc Guire, fundador e presidente da então União de Carpinteiros, numa assembléia da Central Labor Union em 1882 que propôs a primeira segunda-feira de setembro, dia entre o Dia da Independência – 4 de julho – e o Dia de Ação de Graças, que é na quarta quinta-feira de novembro, preenchendo assim a brecha entre dois feriados.

No dia 5 de setembro de 1882, tiveram lugar os primeiros festejs. Segundo a reprodução de uma gravação publicada em “Historia Condensada do Sindicalismo Norteamericano”, resumo do folheto do mesmo título do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, os trabalhadores portavam cartazes que entre outros slogans diziam: “Pela abolição do trabalho dos presidiários”; “8 horas constituem um dia de trabalho”; “O trabalho é o criador de toda riqueza”; “Todos os homens nascem iguais”.

Cabe assinalar que no Canadá também se comemora o Labor Day como Dia do Trabalho na mesma data que nos Estados Unidos, ou seja, na primeira segunda-feira de setembro de cada ano.

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