segunda-feira, 2 de maio de 2011

Discurso correto, prática equivocada


Na sua tradicional mensagem de Páscoa – que tem o nome de Urbi et Orbi, À cidade (de Roma) e ao mundo –, o Papa deixou uma palavra de esperança às “comunidades que estão sofrendo uma hora de paixão, para que o Cristo ressuscitado lhes abra o caminho da liberdade, da justiça e da paz”.

Bento XVI referiu-se aos milhões de refugiados que saem de “diversos países africanos e se vêem forçados a deixar os afetos dos seus entes mais queridos” e apelou à “solidariedade de todos”, ou seja, da Europa, no acolhimento aos refugiados. O papa alertou em sua homilia para as “situações dolorosas” que atingem a humanidade, em especial a “miséria, fome, doenças, guerras e violências”, desejando soluções de justiça e de paz para as mesmas.

No mesmo dia do pronunciamento do Papa, a polícia do Vaticano queria expulsar 150 ciganos romenos que se instalaram na Basílica de São Paulo Extramuros, que é território do Estado do Vaticano. Eles haviam sido desalojados de um acampamento ilegal em Roma, que foi desmantelado no bairro de Casal Bruciato, na capital italiana. Depois de perambular sem rumo pela cidade, buscaram abrigo em dois pavilhões que servem de armazém ao lado do claustro em que estão os restos mortais do Apóstolo Paulo.

A polícia papal, neste caso, faz o jogo do prefeito de Roma, o político de direita Gianni Alemano, que ofereceu uma “ajuda humanitária” aos ciganos romenos para voltarem ao seu país de origem, com o argumento de que “Roma não pode transformar-se numa grande cabana. Essas famílias têm casas em seus países de origem e só estão aqui para ganhar uma grana”.

Como apenas 16 famílias haviam aceito a oferta de dinheiro da prefeitura, a polícia do Vaticano garantia que as mães que saíam para fazer compras no mercado não pudessem mais entrar nas dependências ocupadas. Essas mães, impedidas de voltar a cuidar de seus filhos dentro do complexo religioso, tiveram que atirar a comida através das vigas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...