
No último dia 20 de julho ocorreu um grave fato de violação internacional, promovido pelos EUA (surpreso?). Um voo comercial regular da Aeromexico foi proibido de sobrevoar o espaço aéreo americano em direção a Barcelona só porque a CIA determinou.
Motivo? A bordo estava a socióloga Raquel Gutiérrez Aguilar, cidadã mexicana, ativista dos direitos indígenas da Bolívia e fichada pela CIA. Seu trabalho de defesa dos direitos dos indígenas da Bolívia por duas décadas fora o motivo da ficha suja. Ela não poderia sobrevoar os EUA e, enquanto ela estivesse dentro da aeronave, também o voo 033 com destino a Barcelona não o poderia fazer. Não haveria nenhuma escala em solo americano, e Raquel tampouco permaneceria em Barcelona, onde estaria em trânsito rumo a Roma, onde teria compromissos acadêmicos.
O avião retornou ao aeroporto de Monterrey, onde ela foi retirada do avião com toda a sua bagagem. Somente então o voo 033 pode retomar sua rota normal rumo a Barcelona.
Causa estupefação internacional o fato de a CIA se considerar no direito de causar imenso prejuízo a uma companhia aérea, de impedir uma cidadã de outro país a estar numa aeronave não-americana e de impedi-la de viajar a um destino fora dos EUA. Pior do que isso tudo somente seria se o avião fosse obrigado a pousar em território americano para retirar Raquel de dentro e conduzi-la a um presídio americano. Do ponto de vista do cerceamento das liberdades individuais, tanto fazia. A decisão da CIA causou surpresa e indignação na Bolívia, no México e em todo o mundo.
É extremamente amedrontador perceber que as autoridades dos EUA ficam sabendo quem viaja em voos rotineiros da Aeroméxico e da Alitália (companhia em que Raquel iria seguir seu voo de Barcelona a Roma). É mais desconcertante ainda que o governo norte-americano tenha causado impunemente um sério dano econômico a uma empresa aérea mexicana, desviando a rota de uma de suas aeronaves de um itinerário transcontinental somente porque a CIA se julga no direito de proibir uma cidadã de outro país a transitar pelos céus dos EUA rumo a um destino fora de seu território, como passageira comum, em um voo comercial. Isso afeta seriamente a todos nós.
Veja a notícia na íntegra, com a carta denúncia de Raquel, aqui.
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