segunda-feira, 11 de julho de 2011
O debate sobre mídias no Brasil também nos diz respeito
O jurista Fábio Konder Comparato disse, em palestra durante o II Encontro Nacional de Blogueiros, em Brasília, que a Globo ameaçou romper o contrato com a UNESCO de promover o “Criança Esperança”. O motivo, segundo o jornalista Luiz Carlos Azenha, seria a publicação em fevereiro de um extenso estudo da Unesco sobre o ambiente regulatório para radiodifusão no Brasil. Veja o estudo na íntegra aqui.
O estudo, de autoria de Toby Mendel e Eve Salomon, concluiu o óbvio: a mídia brasileira é dominada por 35 grupos, alguns nas mãos de uma única família há décadas (Marinho, Frias, Sirotsky, Sivita etc.), que controlam 516 empresas. A rede Globo detém 51,9% da audiência nacional. O estudo condena o monopólio, garantindo que a concessão de TV é um bem público, e aponta soluções com base em experiências em outros países. Segundo o estudo, tal concentração de poder comunicacional prejudica a regionalização da informação e valoriza somente a cultura dos grandes centros, como o Rio de Janeiro e São Paulo, marginalizando outras culturas presentes no país.
O estudo também condena a forma distorcida com que são tratadas as iniciativas comunitárias de rádio e TV, aqui consideradas piratas e, no resto do mundo, vistas como iniciativas indispensáveis para a boa comunicação.
A iniciativa governamental de criar um novo marco regulatório para a comunicação social no Brasil vem sendo tratada como censura, interferência indevida e desrespeito à liberdade de imprensa pelos grandes conglomerados de comunicação, como a Globo, a Abril, a RBS, a NET, o Estadão e a Folha, entre outros, alem das grandes empresas de telefonia. Querem manter o atual status quo, baseado em lei de 1967, quando não havia internet nem celular e que dá ampla vantagem aos atuais detentores dos sinais públicos de transmissão. O documento, além de apontar soluções inteligentes e bem refletidas, dá força aos que lutam pelo novo marco regulatório, inclusive o governo brasileiro, que é visto como um ato de democratização da comunicação no país.
Segundo Comparato, depois da publicação do estudo a TV Globo disse aos autores, Toby Mendel e Eve Salomon, que poderia romper o vínculo entre a emissora e o programa “Criança Esperança”.
Antes de ser uma tarefa do governo, cabe a nós, cidadãos brasileiros, acompanhar este processo bem mais de perto e com maior interesse do que até aqui. Para informar-se sobre o andamento, não acompanhe os informes da Globo, de Veja, do Estadão, da Folha e dessa turminha a respeito. O PIG (Partido da Imprensa Golpista), segundo Paulo Henrique Amorim, mente e distorce as informações propositalmente a seu favor, tudo para não perder a boquinha. A nova “Lei de Medios”, como ele a chama, deve colocar um fim nessa bandalheira que é a comunicação nacional aliada a interesses políticos escusos.
O assunto também interessa, e muito, as igrejas. Se quisermos mais espaço na mídia nacional para defender “o modo luterano de ver o mundo”, temos que participar desse debate. Para isso, acompanhe alguns blogs que estão acompanhando o andamento da implantação do novo marco regulatório da comunicação no Brasil, na lista abaixo:
http://www.conversaafiada.com.br/
http://www.direitoacomunicacao.org.br/
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/
http://www.viomundo.com.br/
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