sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Adoniran Barbosa, 100 anos



Na memória quase genética dos brasileiros, de norte a sul deste imenso Brasil, estão registradas algumas músicas que foram incorporadas ao folclore nacional e são sinônimo de brasilidade. Saudosa Maloca, Trem das Onze, Samba do Arnesto, Tiro ao Álvaro são algumas delas. Seu autor e intérprete, com seu chapéu de coco e seu jeito matuto, também é sinônimo de um Brasil alegre e descontraído. Hoje, 6 de agosto, faz 100 anos que ele nasceu.

Os livros de registro de Valinhos indicam a chegada de João Rubinato em 06 de agosto de 1910, no meio de uma escadinha de seis irmãos.

Um artista nato em busca de espaço, em meio ao concorrido mundo artístico da chamada era do rádio, João Rubinato bateu em muitas portas e cantou samba carioca, sofisticado e empostado. Mas a sua voz não era das melhores, embora todos já admirassem o seu indisfarçável talento para o humor, ainda na década de 1930. Começou a se destacar na Rádio São Paulo, com os programas de variedades “Teatro Alegre” e na Rádio Cosmos com “Sossega-Leão”.

Para conseguir seu espaço, João criou para si um pseudônimo, buscando nome e sobrenome de duas figuras que admirava na época: o cantor e compositor carioca Luiz Barbosa (1910-1938) – conhecido pela maneira intimista como cantava seus sambas sincopados, recheados de breques e pela utilização pioneira do chapéu de palha como acompanhamento rítmico em programas de rádio e gravações musicais – e Adoniran Alves, um funcionário da Empresa de Correios e Telégrafos, que era seu amigo e parceiro de boemia.

“Mas não foi fácil entrar no Rádio, não foi fácil. Eu queria ser cantor, mas não deixaram eu cantar. Eu queria ser humorista porque eu sou engraçado, não deixaram eu ser engraçado. Mas eu insisti, insisti, insisti, acabei entrando como ator cômico na Rádio”.

Além de incomparável letrista e criador de uma linguagem própria para expressar a vida simples do mundo sub-urbano de São Paulo, Adoniran Barbosa também foi ator cômico em diversos filmes, a partir da década de 1940, contracenando inclusive com Mazzaroppi, no filme “Candinho” (1953), por exemplo. Um dos seus principais papéis foi em “Cangaceiro” (1953), de Lima Barreto, sua primeira atuação dramática no cinema. O filme foi premiado em Cannes e acabou gerando novos convites para o ator Adoniran Barbosa.

O Adoniran Barbosa que se registra em nossa cultura de forma indelével é o compositor, sambista e cantor bem-humorado, que soube como ninguém levar para o mundo da batucada as dores e os amores do operário que vive nas favelas paulistas.

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