terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sobrevivi em Auschwitz!



Este vídeo mostra o idoso Adolek Kohn, de 89 anos, da Austrália, numa dança desajeitada com a família em diversos lugares do campo de concentração de Auschwitz. O vídeo foi postado no Youtube e está provocando polêmica ao redor do mundo. Muitos o consideram ofensivo à memória das vítimas do nazismo, que foram mortas ali.

Entretanto, de cada três que se posicionam sobre o vídeo, dois não se sentem ofendidos pela dança de Adolek e seus netos. “Ele tem todo o direito de dançar em Auschwitz”, dizem principalmente os mais jovens, parentes das vítimas. Acontece que Adolek é um dos sobreviventes dos fornos crematórios de Auschwitz.

No verão passado, sua filha Jane Korman, uma artista plástica residente em Melbourne, convidou o pai para uma viagem com os netos à Polônia, terra dos ancestrais da família. Lá, ele voltou a Auschwitz, onde tiveram a idéia de fazer a coreografia de quatro minutos e meio de “I Will Survive – Dancing in Auschwitz”, o nome do vídeo que postaram no Youtube. Durante seis meses esta explosão de alegria pela sobrevivência ao horror daquele lugar permaneceu incógnito no Youtube. Agora, de repente, a informação se espalhou e provocou a revolta de alguns e a simpatia de outros.

Mas Adolek não foi o primeiro a reagir com dança ao horror nazista. A diferença é que a sua dança foi postada na rede mundial de computadores. O outro caso aconteceu no verão de 1958, e ninguém a filmou. Ela foi presenciada pela documentarista Judith Dwan, que participou daquela viagem e tinha 16 anos à época.

O cidadão americano Julius Henry Marx estava com 68 anos e fazia uma viagem pela Europa acompanhado da esposa, da filha de 11 anos e de dois amigos, quando decidiu visitar Dornum, o vilarejo alemão próximo ao Mar do Norte em que nascera sua mãe. No local, descobriu que os nazistas haviam destruído o cemitério judeu da vila e apagado os registros de várias gerações arquivados na antiga sinagoga. Julius Marx ficou em silêncio. Sem indicar o que faria, alugou um carro e instruiu o motorista a levar o grupo até Berlim Oriental – mais precisamente, ao local do bunker onde Hitler se suicidara em 30 de abril de 1945.

Chegando lá, viu-se diante de destroços que chegavam a seis metros de altura. Vestindo a boina que fazia parte do seu figurino, mas sem o indefectível charuto, ele escalou sozinho a pequena colina. Ao alcançar o topo, ficou imóvel. Em seguida, e sem esboçar qualquer sorriso, começou a dançar um frenético charleston. A cena durou cerca de dois minutos. Ninguém aplaudiu. Ninguém riu. Naquele dia, Julius Henry foi apenas o filho da judia Minnie Schoenberg, não o genial, anárquico e brilhante comediante Grouxo Marx.

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