quinta-feira, 8 de março de 2012

Insistindo no vagalume

Obras da usina de Angra 3

Nem sempre o Brasil está na moda somente por causa do boom econômico que está vivendo. Todo mundo quer lucrar com o desenvolvimento brasileiro e tirar um naco da terceira moeda mais valorizada do planeta atualmente, nada menos que o Real.

Desta vez, entretanto, o Brasil virou motivo de protestos na Alemanha. Há muitas críticas ao governo alemão, que recebe a visita da presidenta Dilma, porque insiste em manter uma garantia de 1,3 bilhão de euros para a construção da usina nuclear de Angra 3. Segundo o Greenpeace, o projeto de construção da usina tem tantas falhas que coloca a sua segurança em sério risco.

O Brasil também não está cumprindo o acordo realizado com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de deixar nas mãos de um órgão independente a fiscalização sobre as atividades nucleares. Atualmente essa fiscalização é feita pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), mesmo órgão que administra, constrói e mantém as usinas brasileiras. Ou seja, o próprio dono fiscaliza o seu negócio.

Uma das maiores críticas a Angra 3 entretanto é que o projeto é ultrapassado. Tecnologias e práticas modernas usadas em usinas nucleares hoje em dia passam longe de Angra. Planejado na década de 70, o projeto das instalações da usina é basicamente o mesmo desde os anos 80. A contenção, uma construção que protege os reatores nucleares da usina, tem apenas 60 centímetros de espessura, muito fina para resistir à queda de avião comercial, por exemplo. Reatores modernos utilizam duas paredes de contenção de 1,30 metro.

Outra crítica é sobre o local escolhido para a construção da terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, o mesmo em que já existem as usinas Angra 1 e 2. O município de Angra dos Reis, conhecido pela bela costa, oferece grandes riscos de deslizamentos de terra, como tem ocorrido nos últimos anos, podendo danificar as instalações das usinas e mesmo dificultar uma rota de evacuação da população, em caso de acidente.

Para o Greenpeace, o reator brasileiro descumpre totalmente os critérios básicos de segurança estabelecidos desde os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 e a catástrofe de Fukushima no ano passado.

Há anos, as organizações ambientais vêm aumentando a pressão para que Berlim não conceda a garantia de 1,3 bilhão de euros – uma espécie de fiança para proteger as empresas envolvidas do negócio, em caso de fracasso. Angra 3 será construída pelo conglomerado francês Areva, do qual participa também a empresa alemã Siemens.

Apesar das declarações anteriores de que o futuro reator brasileiro seguiria as técnicas usadas na Europa ocidental e de que a produção das peças asseguraria empregos na Alemanha, o governo alemão dá sinais de que pode recuar na garantia. Nesta segunda-feira, durante a feira de informática CeBit, em Hannover, Merkel ressaltou que uma decisão final ainda não foi tomada sobre o assunto. Questionada pela imprensa, porém, a presidente brasileira, Dilma Rousseff, recebida no evento pela premiê alemã, reiterou que o projeto Angra 3 está mantido. (Com informações de DW-World)

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