sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Histórias que se repetem


A morte de Cadafi, aparentemente, vira outra página de um livro de histórias que repete sempre as mesmas histórias. O poder conquistado pela força, mais dia menos dia, acaba fazendo uso exatamente daquilo que o levou ao poder, ou seja, a própria força, o abuso, a truculência. Muhamar Cadafi é só mais um exemplo desse círculo tétrico. Ele assumiu o poder em 1969 depois de combater um regime atroz na Líbia. Durante décadas, construiu um governo exatamente nos moldes que queriam a Líbia e o próprio ocidente.

Metido a rompantes, como todo aquele que constrói poder com truculência, Cadafi exagerou muitas vezes ao longo desse tempo. Sempre com a clara intenção de demonstrar que ele tinha bala na agulha, que podia mais que o inimigo, que usaria de qualquer meio para chegar aos resultados que havia planejado.

Ele foi assim até o último momento. Acuado, dentro de um cano de esgoto (a foto é do esconderijo do ex homem mais poderoso da Líbia, minutos antes de ser executado), como um rato, ele implorou pela própria vida.

Era mais interessante para todos os envolvidos na “reconstrução” da Líbia, que Cadafi desaparecesse. Se não fosse agora, seria depois. Sadam não foi enforcado depois de um julgamento patrocinado e exibido à exaustão pelo ocidente, quase como um espetáculo macabro? As cenas de Hussein sendo enforcado ainda estão na minha retina. Um celular “clandestino” fez as imagens e as divulgou ao mundo, lembram? O quanto ele realmente era clandestino, é uma questão mui pertinente...

Ontem foram novamente os celulares que, sempre oportunamente posicionados, mostraram o terror nos olhos de Cadafi e um tiro vindo “de não se sabe onde”...

Voltando ao ponto: poder que se conquista pela força, mais dia menos dia, usará os mesmos métodos que hoje condena. E o ocidente se meteu nisso, com a OTAN dando apoio oficial. Assim como Cadafi tinha no passado, hoje a turma da reconstrução da Líbia tem o apoio de todo o Ocidente... Enquanto eles fizerem o jogo de interesses do Ocidente, terão armas, dinheiro e suporte internacional. Quando quiserem romper os cordões que os amarram, serão tratados como inimigos...

E tudo vai se repetir nas páginas do velho livro de histórias que repete sempre as mesmas histórias.

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