terça-feira, 9 de agosto de 2011
Como quebrar o ciclo do ódio 7
Cada vez mais perto de nós, os pilares da sociedade do respeito mútuo, da tolerância e da igualdade vão ruindo a olhos vistos. Que sociedade pretendemos construir?
Ontem, um grupo da nossa belíssima capital se julgou no direito de espancar um homem de 61 anos até a morte. Veredicto: Gay não merece viver!
Amanhã, estaremos lichando prostitutas, pais de santo, beatas católicas ou evangélicos pentecostais. Veredicto: não merece viver. Não cabe dentro da minha classificação do que eu considero normal, digno, honesto ou representativo da minha visão de moral, de "bons costumes", de religiosidade sadia ou de comportamento.
Que sociedade pretendemos construir? Ou melhor: Devemos nos render, encerrar a luta por paz e justiça, por uma sociedade de aceitação e decretar nosso retumbante fracasso? Já começo a temer pela minha própria integridade... Amanhã poderão linchar porque discordam de quem pensa da maneira que eu penso...
O pior de tudo, eu tenho que dizer isso, é que eu me sinto um pouco culpado pela morte deste homem de 61 anos, porque gente da minha IECLB, do meu círculo de colegas ministros da IECLB, justamente naquela região da Capital, não têm o menor escrúpulo em subir no púlpito de sua igreja para dizer toda sorte de impropérios contra os homossexuais.
Fazem isso em nome de uma pretensa liberdade de expressão, de um direito de "pregar livremente o evangelho". Há tantos temas fantásticos, de edificação e de promoção da paz, dentro dos Evangelhos. Mas preferem o ódio, a discriminação. Preferem proferir o julgamento, que definitivamente nãos lhes cabe fazer, porque é prerrogativa de Cristo.
O resultado é que vão disseminando o ódio, a intolerância, a segregação. Vão plantando a homofobia, a xenofobia, a agressividade gratuita contra todos que não são como eles, que não são "convertidos", não jogam no time deles, não são do seu grupo de oração. Vão transformando esta temática da homofobia em bandeira, como se todos os cristãos fossem homofóbicos. Vão manchando a reputação da igreja de Cristo, ajudando a semear o desprezo e o desrespeito por qualquer tema que venhamos a abordar no futuro.
Por causa da arrogância teológica desses "pastores", cada vez menos gente aceita ouvir o que temos a dizer. Estamos manchados, sujos mesmo, marcados na testa pela pregação intolerante dessa gente. Ajudam a construir a sociedade que não queremos, uma sociedade na qual, amanhã mesmo, nós estaremos num círculo de gente com pedras na mão, prontas a linchar-nos. Com sabedoria os antigos ensinavam: "Quem semeia vento, colhe tempestade".
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