quarta-feira, 31 de agosto de 2011
A indecência toma conta
Definitivamente, estamos perdendo a batalha contra a imoralidade e a falta de ética. Não sou dos que pretendem resolver essas coisas com violência. Acredito na educação, na organização popular democrática, na força do voto e em tudo o que a Revolução Francesa tão bem resumiu no seu slogan: “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. Mas, confesso que estou perdendo as esperanças. Dois fatos quentinhos e indecentes, só para exemplificar.
O primeiro deles aconteceu ontem à noite, com o nosso Congresso mais uma vez assinando sua confissão pública de corporativismo e falta de compromisso com os eleitores. O que fizeram? Bem, livraram Jaqueline Roriz da cassação. Mesmo com a debochada exibição de um vídeo em que ela recebe um maço maçudo de grana preta. Contra fatos não há argumentos, diria qualquer pessoa sensata. Mas os deputados provaram, do jeito mais torto possível, que contra fatos há, sim, argumentos, mesmo que sejam execráveis. Mas, o que conta mesmo, é a encenação. No dia em que recebeu o maço maçudo, ela riu (está no vídeo). Ontem à noite, ela chorou. E convenceu. Depois de absolvida, ela riu. De todos nós. Agora nós é que choramos, porque perdemos mais uma batalha.
O segundo fato é essa história do PSD, o partidinho particular do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. Ele foi eleito pelo DEMolido, o partido que derrete que nem sorvete ao sol, que tem se camuflado como camaleão ao longo das últimas décadas para sobreviver sob qualquer pretexto, passando do antigo PSD dos tempos de Getúlio para a ARENA da ditadura milico-civil, que se camuflou de PDS, que e se dividiu estrategicamente para criar o PSDB, depois se camuflou de PFL, arranjou uma mortalha como Democratas e agora retorna qual fênix, como PSD. A ideologia social-democrata foi o que menos importou para eles desde sempre, porque embora usem as surradas três letrinhas pensam todos exatamente como pensava a velha UDN. Pelo visto, a turminha não consegue libertar-se dessas três letrinhas, embora nunca tivessem qualquer resquício de social-democracia, nem no discurso nem nas atitudes. (Para entender um pouco melhor essa ciranda partidária na política brasileira, clique aqui).
Para recriar a velha legenda, agora se revela em todos os cantos do país o que já se sabe aqui em Santa Catarina há pelo menos um mês: até gente morta assinou a lista de adesão que assegura o cumprimento da lei eleitoral que exige 400 mil assinaturas para a criação de um partido. Isso sem contar as assinaturas falsas, repetidas e até triplicadas.
Ou seja, o partido já começa como uma grande farsa, uma palhaçada, um tapa na cara dos otários eleitores, a quem querem fazer crer tratar-se de coisa nova. Embrulhar carne podre em embalagem nova é muita cara de pau! Agora já não tem mais como tapar o sol com a peneira, pois a farsa está em todos os grandes jornais e reportagens de TV do Brasil.
O “novo” partido político, que nem programa partidário tem, já nasce torto, fora da lei, caso de polícia. E, sabemos todos desde criancinha, pau que nasce torto morre torto. Talvez, da próxima vez em que vão querer apresentar a carne podre numa embalagem nova, troquem mais uma vez as letras e usem SDP, ou SPD.
A pergunta que não quer calar é: Quem estaria cometendo este crime de falsificação de assinaturas? A tese levantada pelo deputado e ex-candidato a vice de Serra, Índio da Costa, é típica: “Adversários incomodados podem estar agindo de má-fé para dificultar o trabalho”. Sinceramente, meus queridos, incomodado eu fico com tanta cara de pau, com tanta autoconfiança de que isso tudo vai ser encarado com absoluta normalidade e nada vai acontecer nem a Kassab nem às suas três letrinhas que, de tanto trocarem de posição, até já parecem quiz.
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