quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O Chile engata a marcha ré

Um manifesto da Comissão de Direitos Humanos da Igreja Evangélica Luterana no Chile (IELCH) lamentou a repressão da polícia chilena contra estudantes que pedem mudanças na educação, em manifestações públicas país afora. O uso sistemático de violência contra as manifestações estudantis por melhorias na educação traz lembranças dos tempos da ditadura de Pinochet, que deixou feridas profundas na sociedade chilena.

“Denunciamos a prisão indiscriminada de centenas de estudantes em todo o Chile, muitos deles submetidos a tratamento indigno”, diz o manifesto dos luteranos, que também manifesta “preocupação com a linguagem empregada por autoridades do Estado”, citando como exemplo a afirmação do senador Carlos Larraín, de que os manifestantes são “um bando de inúteis subversivos”, que “não irão nos dobrar”. Para a igreja, declarações desse tipo “abrem ainda mais as brechas e criam dores e frustrações aos que esperam do Estado e de seus líderes uma ação mais sábia”.

Respeito à integridade física desses jovens e resolução do conflito é o que pede o manifesto luterano, que deseja ver o governo atendendo a demanda estudantil, que está conquistando a adesão cada vez mais ampla da sociedade chilena.

No dia 10 de agosto, quarta feira, cerca de 150 mil estudantes marcharam pelas ruas da capital, exigindo educação de qualidade, pública e gratuita. Outros 12 mil estudantes participaram de um manifesto em Concepción, a segunda maior cidade chilena. Os líderes do movimento sugerem querem um plebiscito para definir o futuro da educação chilena. Segundo o sindicato dos professores, 80% da categoria concorda com as reivindicações dos estudantes. Também estudantes de escolas particulares e religiosas aderiram ao movimento. (Com informações de ALC)

Não satisfeitos com o governo de mudanças de Michelle Bachelet, nas últimas eleições os chilenos deram maioria ao governo conservador de Sebastián Piñera, que trouxe de volta ao palácio de La Moneda um grande número de velhos políticos e simpatizantes do ditador Augusto Pinochet.

O grupo, além de estar realizando um governo desastroso, está lentamente desmantelando diversas conquistas sociais do governo de Bachelet. Piñera, um dos homens mais ricos do Chile, desfez-se – ou ao menos disse que assim procedeu – das ações que tinha na companhia aérea Lan Chile, cinco meses antes da sua posse. Ele também é dono do canal de TV Chile Vision. Somente isso basta para indicar claramente a quem Piñera representa e quais os interesses em jogo ao assumir a presidência do país.

Não é necessário muito esforço para concluir que, em lugar de resolver o conflito e atender a demanda dos estudantes, o governo de Piñera irá incrementar a repressão ao movimento estudantil e esmagar qualquer outro tipo de levante, embora ainda conte com pouco mais de 25% de aprovação do seu governo. O resultado pode ressuscitar o velho fantasma que, insistentemente, ronda todos os países da América Latina. Obviamente, sempre com um sutil toque de apoio dos endividados irmãos do norte do continente.

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