Tim Berners-Lee foi o criador da World Wide Web, a rede mundial de computadores
O ano de 1990 foi decisivo para a história recente da humanidade. Em fevereiro, Nelson Mandela foi solto da prisão em que esteve por 27 anos e deu início a um dos capítulos mais fascinantes da história moderna. Em abril, a nave Colúmbia carregava no seu compartimento de bagagem e lançava no espaço o telescópio Hubble. A pesquisa do espaço nunca mais foi a mesma depois desse espetacular olho que colocamos fora da nossa atmosfera. Em outubro, a Alemanha foi reunificada. E, no finalzinho daquele ano, iniciou uma revolução tecnológica que modificaria profundamente o nosso modo de viver.
O trabalho iniciado naquele frio inverno em Genebra terminou num convite, no dia 6 de agosto de 1991, quando o físico britânico Tim Berners-Lee convidou seus colegas para um fórum de debate por meio de um clique num hiperlink. O físico havia produzido um programa interno de rede para os computadores da Organização Européia de Pesquisa Nuclear, em Genebra. Através dele, era possível acessar os documentos de outros computadores a partir de um deles. Os documentos apenas precisavam estar lincados a páginas de hipertexto, por sua vez lincadas a outros documentos em outras páginas de hipertexto. Era uma cômoda rede de troca de informações científicas.
O primeiro penetra da rede criada por Lee foi Nari Kannan. Ele não tinha noção de estar produzindo um documento histórico ao escrever um pedido rotineiro de ajuda no Grupo Usenet: “Alguém aí, que participa aqui no Newsgroup, sabe se há alguma pesquisa ou desenvolvimento nesta área?”. Ele esperava uma troca de informações dentro do grupo chamado alt.hypertext, que lidava com “fenômenos obscuros como o hipertexto”.
Berner-Lee denominou o programa de World Wide Web, no começo escrito tudo junto. Desde o início ele imaginava que muitos outros computadores poderiam fazer parte daquela rede. A pergunta de Kannan apenas confirmou que havia interesse no esquema fora da rede criada por Lee em Genebra.
Alguns dias se passaram até que veio uma resposta à consulta de Kannan. Alt.hypertext não era o facebook e nesta seleta rede de computadores de universidades e organizações de pesquisa as pessoas não entravam todos os dias. Olhava-se lá somente de vez em quando, para verificar se a última participação havia surtido alguma reação. Quando o físico Berners-Lee leu a consulta de Kannan no dia 6 de agosto, não havia mais como segurar o processo de pular de um computador ao outro através de um simples clique.
Naquele dia 6 de agosto, a rede www tornou-se aberta. Depois disso, é quase inacreditável o que veio a ser aquele minúsculo projeto universitário de uma rede de informação científica. Info.cern.ch foi o endereço da primeira página web do mundo, cujo endereço era http://info.cern.ch/hypertext/WWW/TheProject.html. Ali os visitantes podiam aprender sobre hipertexto, detalhes técnicos para criar sua própria página web, e mesmo explicações sobre como pesquisar por informações na Web. Não foram preservadas imagens de tela dessa primeira página web, mesmo porque ela sofria alterações diárias. Há somente disponível uma cópia de 1992, de como eram aquelas páginas desenvolvidas pelo projeto www.
Depois disso, começaram a surgir outros servidores na Europa e o primeiro fora do continente europeu foi montado no Stanford Linear Accelerator Center, nos EUA, em dezembro de 1991. Um ano depois, havia 26 servidores no mundo e em outubro de 1993 já havia cerca de 200 deles, mesmo ano em que a Universidade de Illinois lançou a primeira versão do programa Mosaic, que permitiu o uso da web a usuários de PC e Mac. O resto é história da web.
Tendo iniciado como uma ferramenta para ajudar físicos a trocar informações sobre as questões acerca do universo, hoje seu uso se aplica aos mais variados aspectos da comunidade global e afeta nossa vida diária. Hoje há mais de 80 milhões de páginas web conectadas à rede mundial de computadores, que tem centenas de milhões de usuários. Hoje se compra um computador não para computar, mas para navegar na internet.
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